Um Almoço em Genebra
Carreira Militar

Um Almoço em Genebra


.
Pressentindo a guinada dos ventos nas relações entre Brasília e Teerã, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, disse numa entrevista a este jornal que o seu governo ficará "muito decepcionado" se o Brasil mudar de posição nas Nações Unidas em relação ao país. Ele falava, naturalmente, do que poderá ser a nova atitude brasileira, na contramão da linha seguida durante os anos Lula, de condenar a teocracia iraniana por violações de direitos humanos e votar a favor de uma investigação internacional a respeito.
Isso foi há 10 dias, quando se instalou em Genebra a 16ª reunião ordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que deverá se pronunciar sobre as denúncias acerca do Irã no próximo dia 21. Mas Teerã já tem por que se decepcionar com o Brasil. Na última segunda-feira, num gesto sem precedentes, a representação do País junto à sede europeia das Nações Unidas recebeu, em almoço, a iraniana que encarna mais do que ninguém a luta de seus concidadãos contra as violências a que os submete o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad - sobretudo desde os protestos desatados contra a fraude eleitoral com que se reelegeu em 2009.
Trata-se da dissidente exilada Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2003. Com esse ato, evidentemente acertado entre a embaixadora em Genebra Maria Nazareth Farani Azevedo e a cúpula do Itamaraty, o Brasil transpôs uma fronteira. O governo da presidente Dilma Rousseff já não anuncia apenas por palavras que se dissociou da complacência de Lula diante das atrocidades praticadas pelos regimes despóticos com os quais se alinhou, numa tosca tentativa de desfilar o seu antiamericanismo pelo mundo afora, que, afinal, só serviu para envergonhar o Brasil.
Com o convite à ativista para um encontro amistoso, na presença, entre outros, do embaixador dos Estados Unidos, a diplomacia brasileira indicou, no mínimo, a disposição de se inteirar das expectativas da oposição iraniana quanto às pressões que a comunidade internacional deve exercer sobre Teerã em defesa dos direitos elementares dos que ousam erguer a voz contra a tirania teocrática. Aos convidados, a embaixadora Maria Nazareth disse que o Brasil "apoiava" a posição de Ebadi. Ela reivindica a criação de uma comissão, no âmbito da ONU, para investigar as práticas brutais recorrentes em seu país e a adoção de sanções contra os envolvidos com a repressão.
Semanas atrás, quando as milícias leais ao ditador líbio, Muamar Kadafi, e os mercenários importados pelo regime recorreram pela primeira vez à selvageria para reprimir os protestos populares contra o tirano, o Brasil não só votou a favor das sanções contra a Líbia no Conselho de Segurança, mas trabalhou para que o país fosse suspenso do Conselho de Direitos Humanos. O Brasil estaria apenas sendo coerente com essa atitude se co-patrocinasse o projeto de resolução para investigar o Irã. "Se o Brasil e a comunidade internacional não querem mais uma Líbia", diz Shirin Ebadi, "precisam começar a se mover imediatamente para promover um novo diálogo com Ahmadinejad, antes que ele siga o caminho de Kadafi."
Não falta muito, aparentemente. "Líderes da oposição são silenciados e torturados nas prisões. Somos o país com o maior número de jornalistas presos. Somos também o país com o maior número de menores detidos. A situação da mulher é uma calamidade", enumera a ativista. Deve piorar. Na terça-feira, com o afastamento do ex-presidente (1989-1997) Akbar Hashemi Rafsanjani da chefia do organismo conhecido como Assembleia dos Especialistas, que, entre outras atribuições, escolhe o líder supremo da República Islâmica, foi-se o último moderado na estrutura de poder da teocracia iraniana. Ele foi substituído por um radical.
Para a diplomacia brasileira, o endurecimento do regime representa um desafio e uma oportunidade. O desafio, naturalmente, é o de responder à altura, na ONU, à deterioração do quadro iraniano. "O Brasil precisa nos apoiar enquanto houver massacres", ressaltou Ebadi ao Estado. E a oportunidade é a de mostrar que, efetivamente, "o Brasil começa a se redimir", como diz ela, "de ter apoiado tantos ditadores nos últimos anos".
Fonte:  O Estado de São Paulo - 10/3/2011
.



loading...

- Atenção, Dilma, Ele Assina Em Teu Nome
Demétrio Magnoli – O Estado de S.PauloO ditador Bashar Assad encontrou nos enviados do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) os bonecos de ventríloquo ideais para transmitir ao mundo a sua versão dos eventos sangrentos em curso na Síria. O comunicado...

- Ministro Brasileiro Chama Ahmadinejad De Ditador
< align="justify">O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, afirmou nesta terça-feira (17/8) que o Brasil continua negociando com o Irã o asilo político à iraniana Sakineh Ashtiani. Para o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tal medida...

- Isto É: Brasil Fez Acordo "secreto" Com IrÃ
Deu na IstoÉ, em reportagem de Claudio Dantas Sequeira, trecho abaixo:"O acordo secreto do Brasil com o Irã - Itamaraty ajuda Ahmadinejad a burlar as sanções impostas pelos Estados Unidos e pelo Conselho de Segurança da ONU - No dia 2 de abril, em...

- Lista De Brasileiros Que Viajaram Com Nosso Dinheiro Para Ouvir Um LÍder Terrorista
por Reinaldo Azevedo Os Estados Unidos elegeram há pouco o tão proclamado “primeiro presidente negro da história”, certo? De fato, não é negro, mas mestiço. Mas, para a militância, vá lá, é o “primeiro presidente negro”, prova...

- Lula Deixa Almoço E Evita Líder Sudanês
Presidente se sentaria ao lado de indiciado por crimes de guerra por Jamil Chade, ESPA cúpula entre países árabes e sul-americanos terminou ontem em Doha, Catar, em meio a uma série de constrangimentos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,...



Carreira Militar








.