por Reinaldo Azevedo
Os Estados Unidos elegeram há pouco o tão proclamado “primeiro presidente negro da história”, certo? De fato, não é negro, mas mestiço. Mas, para a militância, vá lá, é o “primeiro presidente negro”, prova evidente de que o país não é racista, certo? Ou não elegeria alguém pertencente a um grupo que representa 13% da população. Mesmo assim, o evento ganhou tal carga simbólica, que os americanos deveriam estar um tanto ávidos para participar da tal Conferência Contra a Discriminação Racial das Nações Unidas, que começou hoje, em Genebra. E, no entanto, os EUA boicotaram o evento, ao lado de Canadá, Itália, Holanda, Austrália, Israel, Polônia, Nova Zelândia e Alemanha.
Quem abriu o encontro? Ora, Mahamoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, país que financia o terrorismo islâmico. Mais:
esse grande líder, convidado a falar numa conferência CONTRA O RACISMO, defende abertamente que Israel seja varrido do mapa. E o líder do fascismo islâmico discursou, condenando a política “racista” de Israel, o país que ele promete destruir. Representantes da União Européia deixaram a sala. Dissidentes iranianos interromperam o discurso com gritos de “assassino”. Entidades judaicas protestaram.
Digam-me:
qual é a credibilidade de uma conferência sobre racismo que tem Ahmadinejad como orador inaugural? Não sei. Perguntem ao governo brasileiro, que tanto se empenhou para a realização dessa estrovenga. Edson Santos, ministro da Igualdade Racial, está desapontado com Obama: “O problema de ter um presidente negro que boicota uma conferência contra o racismo é mais dos americanos do que da conferência", disse Santos. "É uma contradição." Entenderam?
Para o valente, ter Ahmadinejad discursando não é contradição nenhuma. O Brasil se importa mesmo com o racismo? Depende! Na ONU, o país votou contra a censura ao ditador do Sudão, que apóia uma milícia que já matou 300 mil pessoas. E o conflito tem raiz étnica.Os descaminhos do Brasil nesse setor são de todos conhecidos.
Estamos todos justamente indignados com a farra do Legislativo no uso de passagens aéreas. Então falemos um pouco de farra do Executivo. Este é apenas um exemplo, pequenino. Se o Congresso faz o que faz, imaginem o governo. Abaixo, segue a lista de representantes do Brasil, enviados para uma conferência que não tem a menor importância. E aí não estão incluídas as muitas ONGs que mamam nas tetas oficiais.
Vejam a pequena comissão brasileira que está em Genebra para ouvir atentamente as lições do pensador Ahmadinejad sobre o racismo. Volto ainda para uma observação final.
CHEFE:
EDSON SANTOS, Secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
DELEGADOS:
Embaixadora MARIA NAZARETH FARANI AZEVÊDO, Representante Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Genebra;
GLÁUCIA SILVEIRA GAUCH, Diretora do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores;
ALEXANDRE GUIDO LOPES PAROLA, Ministro-Conselheiro da Delegação do Brasil em Genebra junto à Organização das Nações Unidas e aos Organismos Internacionais em Genebra;
MARTVS ANTÔNIO ALVES DAS CHAGAS, Subsecretário de Ações Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
ALEXANDRE DA ANUNCIAÇÃO REIS, Subsecretário de Comunidades Tradicionais da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
MANUELA PINHO DE AZEVEDO SOUZA, Subsecretária de Planejamento da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
MAGALI SILVA SANTOS NAVES, Chefe da Assessoria Internacional da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
MÁRCIA CANÁRIO DE OLIVEIRA, Assessora Internacional da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
CARLOS ALVES MOURA, Ouvidor da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
ZULU ARAÚJO, Presidente da Fundação Cultural Palmares;
REGINA CÉLIA SANT'ANNA ADAMI, Assessora Parlamentar da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
MÁRIO THEODORO, Especialista em temas de diversidade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
LEONOR FRANCO DE ARAÚJO, Coordenadora-Geral de Diversidade da Secretaria Continuada de Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação;
JOSÉ ARMANDO FRAGA DINIZ GUERRA, Assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República;
MARIA DO CARMOS REBOUÇAS DA CRUZ, Assessora da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República;
EDUARDO SANTARELO LUCAS, Coordenador do Plano Brasil sem Homofobia da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República;
DEISE BENEDITO, da Organização Não-Governamental "Fala Preta";
IRADJ ROBERTO EGHRARI, da Organização Não-Governamental "Comunidade Baha'i do Brasil";
NILZA IRACI, da Organização Não-Governamental "Geledés – Instituto da Mulher Negra";
IVANIR DOS SANTOS, da Organização Não-Governamental "Centro de Articulações de Populações Marginalizadas";
MARIA APARECIDA BENTO, da Organização Não-Governamental "Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades";
JUREMA WERNECK, da Organização Não-Governamental "Criola";
OLÍVIA SANTANA, da Organização Não-Governamental "União de Negros pela Igualdade;
JACINTA MARIA SANTOS, da Organização Não-Governamental "Agentes da Pastoral Negra";
GILBERTO LEAL, da Organização Não-Governamental "Conselho de Negros";
MARCOS BENEDITO, da Organização Não-Governamental "Instituto pela Igualdade Racial";
SAMOURY MUGABE, da Organização Não-Governamental "Articulação Política de Juventude Negra";
RONALDO DOS SANTOS, da Organização Não-Governamental "Conselho Nacional Quilombola";
MARCELO PAIXÃO, Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; e
WANIA SANTANA, Consultora da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Comentário final
A farra de passagens do Legislativo é grave, sim. Mas consegue ser menos perniciosa. Usarem o nosso dinheiro para fazer folias privadas consegue ser menos lamentável do que usá-lo para, na prática, prestigiar um dos chefes do terrorismo internacional. A transgressão dos parlamentares depõe contra suas respectivas carreiras. Esta outra depõe contra as instituições.Imaginem quando a imprensa começar a se interessar pelas passagens aéreas do Executivo!
Fonte: Reinaldo Azevedo
COMENTO: o Alerta Total, do jornalista Jorge Serrão, deu o chute inicial na divulgação farra de passagens aéreas do poder Executivo, como pode ser visto logo aí abaixo.