O PT aprendeu; a oposição, não
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O PT aprendeu; a oposição, não


por Marcos Pontes
Embora não queira admitir, a oposição tem muito o que aprender com o PT, a começar pela própria maneira de como fazer oposição. Nos seus vinte e poucos anos de principal partido de oposição, o PT jamais, ou quase nunca, apresentava uma proposta em qualquer campo da administração pública, resumia-se a criticar qualquer medida da situação e reivindicar aquele cabedal de absurdos da velha esquerda mundial, nunca atendida em qualquer lugar do planeta, nem mesmo nos países ditos socialistas, comunistas ou “populares”.
Após assumir o poder comprovou-se que o partido não tinha planos de governabilidade. Tirando o arengado programa de combate à pobreza, que vai deixar sequelas num futuro próximo, além do empobrecimento da “antiga classe média”, que é quem paga os benefícios dos pobres e os altos juros dos ricos, além da derrama da classe governante, todo o resto vem em medidas provisórias ou leis mal discutidas. Batendo de olhos fechados como uma criança que não sabe brigar e espana os braços em todas as direções querendo acertar o adversário, o PT conseguiu seu primeiro intento, a faixa presidencial e a maioria no Congresso, não apenas com os seus, mas com a ajuda anabolizada dos partidos amigos.
Deu sorte. Aliás, deu muita sorte.
Não bastasse a política econômica dos governos de Itamar e FHC que encararam crises mundiais como o “efeito merengue”, “o efeito tequila” e o “efeito saquê”, crises pelas quais o governo de Lula não passou, o PT herdou um país com inflação anual de um dígito, algo que havia tempo o Brasil não via, superávit na balança comercial, real valorizado, um esboço de equilíbrio nas contas públicas que, se os tucanos não executaram, o PT terminou de passar a borracha nele. Das crises internacionais o governo Lula só encarou o estouro da bolha imobiliária americana, que já mostrava que levaria algum tempo para chegar aqui, mas chegou.
Mantendo Henrique Meireles no Banco Central, homem forte do governo anterior, Lula deu uma grande cartada. Manteve parte da coerência da administração financeira, aos poucos desfeita por conta das farras com cartões corporativos, verbas desviadas, aumento dos benefícios sociais em detrimento do desenvolvimento, contratação a rodo dos antigos companheiros de sindicatos para cargos importantes de estatais, sem concurso público e diante dos olhos vendados da Justiça.
Sua incompetência em governar foi camuflada pelos números mágicos que hoje têm a senadora Gleise Hoffman, do PT-PR e esposa do ministro das comunicações, sua maior propaladora. A senadora, em seu primeiro mandato, é ferrenha defensora do governo Dilma e mais uma desavisada que vive de amores por Lula. De uma coisa não se pode acusá-la, de despreparada. Casada com um homem que vai completar 12 anos em ministério e alçada à condição de novas estrela da política paranaense, Gleise é formada em Direito e especializada em Administração Financeira. Por anos foi assessora parlamentar no Congresso Nacional e já foi secretária estadual e diretora da Itaipu, o que lhe dá um currículo considerável. A divulgação dos números mágicos não é, portanto, por ignorância, mas pela premeditada intenção de defender um governo que mantém sua popularidade, segundo institutos pagos por ele mesmo, sobre as pernas altas de palafitas de mentira. Mente quem diz que a mentira tem pernas curtas.
Esse tipo de defensor o PT sempre teve, mas o bomocismo do PSDB e a falta de rumo nato do DEM não permite que se repita na oposição de hoje o moleque brigador que foi a oposição petista. Não se vê, por exemplo, a pseudo-oposição de quem falo desde 2007, mostrar que o combate à inflação do Mantega é a cópia amarelada do combate de Sarney ou que o projeto Minha Casa, Minha Vida é o mesmo amontoado de erros, superfaturamento e burocracia que foi o BNH, ambos programas combatidos pelo PT-oposição. Não se vê a oposição mostrar que não faz sentido se pagar tanto seguro desemprego se o emprego formal bate recordes ou que o voto em lista fechada que o PT tenta nos enfiar goela abaixo é um arremedo facista do voto vinculado imposto pelos generais quando viram que perderiam sua última eleição.
O PT aprendeu a como não governar, mas a oposição de hoje não aprendeu com o PT como se faz oposição.
©Marcos Pontes
Fonte:  Esculacho e Simpatia



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