Carreira Militar
Visão Oficial
 
 
Merval  Pereira
NOVA YORK. O jornalista   Ricardo Kotscho, primeiro assessor de imprensa do presidente Lula, ensinou a   ele a diferença entre notícia e propaganda: notícia é tudo aquilo que o   governo não quer ver publicado. O resto é propaganda. Mas Lula, ao que tudo   indica, não aprendeu. Dando sequência a diversas declarações espaçadas com   críticas à imprensa, que considera que só vê o lado negativo, o número de   janeiro da revista "Piauí" traz uma reveladora entrevista do presidente   feita pelo editor-chefe da revista, Mario Sérgio Conti, especificamente   sobre sua relação com a imprensa, uma relação, do seu ponto de vista,   tumultuada e injusta desde que assumiu a Presidência da República, em 2003.     Mas, a se julgar pelo que   está dito na entrevista, o que está tumultuada é a capacidade de julgamento   do próprio presidente, a começar pelo fato de que ele admite que não lê   jornais e revistas, não acessa a internet para ler notícias, não lê blogs de   jornalismo, não vê televisão, porque tem azia. Embora passe a entrevista   reafirmando a importância da liberdade de imprensa e que não quer que apenas   falem bem dele, o presidente Lula revela todo o seu desagrado com o   noticiário crítico e, assim como quando se vangloria de ter chegado à   Presidência sem ter uma educação formal estimula a falta de estudos,   desqualifica a importância da imprensa na vida do país.    Então, como se informa o   presidente da República? Além das audiências, onde recebe representantes da   sociedade brasileira que lhe transmitem suas opiniões e sensações que   seriam, segundo ele, um painel amplo do que acontece no país, Lula recebe   informações especialmente de dois assessores diretos: de Clara Ant,   assessora especial, e do jornalista Franklin Martins, ministro da   Comunicação Social.    Quando consideram que merece   a atenção do presidente, eles até lhe levam recortes de jornais e vídeos de   reportagens. Na maior parte das vezes, porém, o que lhe transmitem, como   fica claro na entrevista de Lula, são suas opiniões pessoais sobre o que   está sendo publicado.     Clara Ant, por exemplo,   conta que fica revoltada quando insinuam que o presidente Lula não gosta de   ler. Na Casa Branca, diz ela, os relatórios que saem de uma imensa estrutura   de seleção e análise de notícias acabam em um documento para a secretária de   Estado, Condoleezza Rice, em pequenos parágrafos de não mais de quatro   linhas cada.    O que Clara Ant não conta,   ou não sabe, é que é assim porque também o presidente George Bush não é   muito chegado a uma leitura. Quem conta é Richard Clarke, chefe do conselho   de contraterrorismo da Casa Branca, no número de fevereiro da revista "Vanity   Fair", já nas bancas:     "No início da administração,   Condy Rice e seu adjunto, Steve Hadley, disseram francamente: não deem ao   presidente um bando de longos memorandos. Ele não é um grande leitor".Temos então um presidente   que confessadamente se informa do que acontece pelo mundo ou com assessores   que pensam como ele, ou com pessoas que pediram uma audiência e dificilmente   vão ao Palácio do Planalto para criticar, mas para pedir favores ou decisões   do governo.     Mas tanto o presidente Lula   quanto o ministro Franklin Martins têm opiniões muito parecidas sobre a   importância da grande imprensa. Os dois acham que o surgimento de canais de   informações alternativos, com os novos meios tecnológicos, dá mais   pluralidade ao noticiário e neutraliza a influência dos formadores de   opinião, o que ajudaria o presidente Lula, em última análise.    Embutida nessa tese está a   teoria da conspiração de que os grandes veículos de informação estão unidos   contra o governo Lula. Em mais uma incongruência, Lula repete na entrevista   uma tese que já havia firmado anteriormente, de que ele só chegou à   Presidência graças à liberdade de imprensa existente no país. Já que escrevo dos Estados   Unidos, não é demais relembrar o grande jornalista Jack Anderson,   considerado o pai do jornalismo investigativo, segundo quem a necessidade de   a imprensa ocupar um lugar antagônico ao governo foi percebida com clareza   pelos fundadores dos Estados Unidos, e por isso tornaram a liberdade de   imprensa a primeira garantia da Carta de Direitos.     "Sem liberdade de imprensa,   sabiam, as outras liberdades desmoronariam. Porque o governo, devido à sua   própria natureza, tende à opressão. E o governo, sem um cão de guarda, logo   passa a oprimir o povo a que deve servir".    Thomas Jefferson entendeu   que a imprensa, tal como o cão de guarda, deve ter liberdade para criticar e   condenar, desmascarar e antagonizar. "Se me coubesse decidir se deveríamos   ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um   momento em preferir a última solução", escreveu ele.    Para o ex-presidente   americano, o caminho mais eficiente até hoje encontrado para a busca da   verdade é a liberdade da imprensa. "Por isso, é o primeiro a ser fechado por   aqueles que receiam a investigação de suas ações".    A visão de Lula talvez se   aproximasse mais da realidade, e ele saberia mais cedo que o mundo estava   numa crise de proporções bem superiores a uma marolinha se, como todo   cidadão interessado no país, lesse jornais, revistas, visse o noticiário da   televisão, lesse os blogs, se informasse, enfim, com a pluralidade que a   democracia oferece, e não apenas com subordinados ou dependentes.       Os canais de informação do   presidente, porém, estão mais para propaganda do que para notícia. Ele   montou uma estrutura de propaganda que não há no país talvez desde a Era   Vargas, coroada pela criação de uma TV oficial, assim como, dentro de suas   possibilidades, Evo Morales está lançando um jornal oficial na Bolívia.      
Do que eles gostam mesmo é   uma imprensa oficial.Fonte: O Globo - 6 Dez 08COMENTO: A primeira constatação reitera o que todos já sabiam. É verdade quando o Apedeuta alega não saber de nada. Suas "fontes de informação" são "opiniões pessoais" dos puxa-sacos que não se atrevem a falar-lhe algo que o desagrade. Por outro lado, não se pense que ele é tão tolo que não perceba a disparidade entre a aversão que a grande mídia tem contra  ele e a liberdade de imprensa existente no país. Isso foi magistralmente solucionado com a avalancha de verbas públicas destinadas à "comunicação social" dos diversos órgãos estatais. A incompetência do nosso empresariado fez com que praticamente todas as empresas jornalísticas se tornassem dependentes desse rico filão. A partir daí, o procedimento tem sido similar ao do  relacionamento de qualquer traficante de drogas com os "usuários" que dele dependem: ou trabalha para mim, ou fica sem!! Eis aí a razão das críticas, quando publicadas, serem extremamente polidas e o "jornalismo investigativo" estar tão reduzido em suas ações. Quem se atreve a buscar informações sobre os incontáveis "processos sob sigilo" que correm no poder judiciário?
 
  
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