Segredos da Guerra Fria – O Resgate do Submarino Soviético K-129
Carreira Militar

Segredos da Guerra Fria – O Resgate do Submarino Soviético K-129


por Roberto Ribeiro
Não é de hoje que segredos são guardados a sete chaves. Documentos são arquivados ou alterados, pessoas simplesmente desaparecem, outras tem as identidades alteradas, locais tem seus nomes modificados. Tudo isso é ainda feito, para evitar que acontecimentos sejam revelados ao mundo, acontecimentos que em alguns casos, poderiam levar nações à guerra e ao caos, ou simplesmente para desviar a atenção de algo ainda mais importante.
No Século XX, o mundo assistiu a acontecimentos, em escalas nunca antes vislumbradas. Duas Grandes Guerras Mundiais, a agonia de antigos impérios, o nascimento de “novos impérios” e um tipo ainda não experimentado de guerra, a Guerra Fria. E foi justamente nestes longos 45 anos de Guerra Fria, que por mais de uma vez, o mundo esteve a ponto de vivenciar sua maior e mais destruidora guerra, a guerra nuclear.
Às vezes, fatos aparentemente sem importância, eram capazes de tomar proporções incomensuráveis. Um destes fatos ocorreu no final da década de 1960, mais precisamente em 1968, o naufrágio do submarino soviético K-129.

1 – Submarino Soviético K 129
O submarino diesel-elétrico soviético K-129, era um dos 23 submarinos da classe 629A (Codinome OTAN: Golf II). Todas as 23 unidades desta classe, foram comissionadas entre 1958 e 1962.
O submarino K-129, foi encomendado em 1958, sendo concluído em 1960. No ano de 1966, os submarinos 629A/Golf II, tiveram seus sistemas de lançamento de mísseis D-1, substituídos pelo novo sistema D-4, muito mais moderno. O projeto original do 629A/Golf II, utilizava os mísseis R-11 FM “Scud”, mas com a substituição do sistema de controle, estes submarinos receberam os novos mísseis balísticos R-21 (Codinome OTAN: SS-N-5), capazes de transportar ogivas nucleares de até 1 megaton. Estes eram os primeiros mísseis soviéticos capazes de serem lançados com o submarino submerso.
Após a modernização, o K-129, sob o comando do Capitão V.I. Kobzar, foi incorporado à Esquadra do Pacífico, sendo alocado no 15º Esquadrão de Submarinos, baseado na Base Naval Rybachiy, em Kamchatka. O 15º Esquadrão estava sob o comando do Almirante Rudolf A. Golosov. Em janeiro de 1968, o 15º Esquadrão de Submarinos, fazia parte da 29ª Divisão de Mísseis Balísticos, comandada pelo Almirante Viktor A. Dygalo.
Após concluir com sucesso duas missões de patrulha, em 1967 (cada missão durava 70 dias), o K-129 foi escolhido para iniciar uma nova patrulha em fevereiro de 1968. Esta nova patrulha teria início no dia 24 de fevereiro e estava programada para ser concluída em 05 de maio do mesmo ano. A nova missão incluía também testes de mergulho de grande profundidade (dentro do suportado pelo submarino). Após os testes de mergulho, o submarino voltando a superfície, fez contato via rádio, para reportar que tudo havia transcorrido positivamente. Além dos contatos normais de checagem, nenhuma outra comunicação foi realizada, até o submarino chegar ao local programado para sua missão.
Em meados de março de 1968, as autoridades soviéticas foram informadas que o K-129 não havia respondido a dois contatos de checagem. Por conta disso, foi emitida uma mensagem urgente, instruindo o submarino a romper o silêncio de rádio. Como nada ocorreu, foi emitida uma mensagem de caráter urgentíssimo, solicitando contato imediato, que mais uma vez não teve resposta. Na semana seguinte, a marinha soviética declarou o K-129 como “desaparecido”, iniciando uma busca naval e aérea maciça, onde foram empregados navios, aeronaves e submarinos, que esquadrinharam o Pacífico Norte, entre Kamchatka e Vladivostok, mas nada encontraram.
No auge da Guerra Fria, a movimentação soviética no Pacífico chamou prontamente a atenção dos EUA, que mais que de imediato analisou e concluiu que provavelmente se tratava da perda de um submarino, mas a julgar pela proporção, se tratava de algo muito importante.
Os EUA, usando todo seu aparato de inteligência naval, triangularam informações e, a partir de dados relevantes obtidos do SOSUS, datados de 08 de março de 1968, determinaram um provável ponto para o naufrágio, que curiosamente estava totalmente fora do local onde as forças soviéticas realizaram suas buscas e de onde o submarino deveria estar, o que ajudaria ainda mais a acobertar as operações de busca americanas. O SOSUS detectou uma grande explosão submarina, cuja localização era 40º N, 180º W. Este local, se situa a pouco mais de mil milhas náuticas do arquipélago do Hawai.
Já o sistema de localização soviético se mostrou inadequado para determinar a localização de sua belonave desaparecida e, pouco tempo depois, as atividades navais retornaram aos padrões normais.

1.1 – Míssil Balístico R-21 (SS-N-5)
Desenvolvido a partir do R-15, o míssil R-21 foi inicialmente projetado pelo OKB-586 (Departamento de Projetos de Mikhail Yangel e Yuzhnoye), em março de 1958. Em 17 de março de 1959, o projeto foi entregue então ao SKB-385 (Departamento de Projeto de Foguetes Victor Makeyev).
O projeto originalmente se destinava a equipar os submarinos da classe 629A (Golf II), sendo necessário para tal, o sistema chamado “Complexo D-4”. Seu primeiro lançamento bem sucedido ocorreu em 1960, e o primeiro lançamento de um míssil R-21 padrão, ocorreu em 1962.
Diferente dos projetos ocidentais, o R-21 utilizava um lançador a base de combustível sólido, para ejetar o míssil do tubo lançador, antes que o motor principal fosse acionado. Este arranjo permitia que os mísseis pudessem ser lançados de profundidades de até 60 metros. O propulsor do R-21 utilizava o combustível à base de ácido nítrico IRFNA AK-271/TG-02. O AK-271 era uma mistura de 73 por cento de ácido nítrico e 27 por cento de tetróxido de nitrogênio, tendo como agente passivo, o iodo. Isso dava ao R-21, uma alcance de 1.400 quilômetros (o dobro do alcance das primeiras gerações de mísseis lançados submersos).
Estes mísseis substituíram os mísseis de primeira geração R-11 FM e R-13, transportados pelos submarinos classes 629 (Golf) e 658 (Hotel). Permaneceram em serviço até 1991.

2 – Sistema de Vigilância Sonora (SOund SUrveillance System) – SOSUS
SOSUS é o acrônimo de SOund SUrveillance System (Sistema de Vigilância Sonora). Este sistema teve seu desenvolvimento iniciado em 1949, pela US Navy (Marinha dos EUA). O sistema, cujo orçamento anual inicial era de 10 milhões de dólares, foi criado com arma anti-submarina. Consiste de diversas estações submarinas de captação sonora, que tem como finalidade detectar a presença de submarinos inimigos. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a URSS criou uma enorme frota de submarinos (de propulsão diesel-elétrica). Estes motores, embora silenciosos, emitem ondas sonoras de baixa freqüência. O SOSUS tinha como alvo primário, a captação destas ondas e, com base nas triangulações de dados (cruzamento de dados enviados por cada uma destas bases de captação), seria possível determinar com bastante precisão, o posicionamento dos submarinos soviéticos. As bases SOSUS foram instaladas no Atlântico Norte, entre a Groenlândia, Islândia e Reino Unido. Também foram instaladas bases no Oceano Pacífico. A partir de 1973, o sistema SOSUS passou a fazer parte de um novo sistema de vigilância, o SURTASS, e mais recentemente, em 1996, passou a integrar o IUSS – Integrated Undersea Surveillance System (Sistema Integrado de Vigilância Submarina).
Em 1961, o SOSUS rastreou o USS George Washington (SSBN 598), durante sua viagem dos EUA ao Reino Unido. No ano seguinte, captou e rastreou o primeiro submarino convencional soviético. Em 1963, os EUA conseguiram determinar o local do naufrágio do USS Thresher (SSN 593) graças às captações do SOSUS. Em 1964, o SOSUS localizou um submarino soviético da classe Foxtrot, nas Bahamas, durante a Crise dos Mísseis de Cuba. Também em 1968, detectou e rastreou os primeiros submarinos soviéticos Victor e Charlie e em 1974, detectou o primeiro submarino classe Delta.
Embora não fosse capaz de determinar “milimetricamente” a posição do naufrágio, as triangulações do SOSUS, foram capazes de determinar a área em que o submarino estava, o que permitiu aos EUA, a ocasião perfeita para estudar a sua preciosa carga, os mísseis balísticos soviéticos SS-N-5.

3 – Operação Sand Dollar (Dólar de Areia) e o USS Halibut – SSGN-587
Em julho de 1968, após a URSS encerar suas buscas pelo K-129, a U.S. Navy deu início à "Operação Sand Dollar", enviando o submarino SSGN-587 (USS Halibut) de Pearl Harbor, para o local do naufrágio. O SSGN-587, havia sido equipado em 1965, com equipamentos para busca subaquáticas de grande profundidade, sendo em 1968, o único submarino do inventário dos EUA, adequado para efetuar a missão de encontrar e fotografar o naufrágio do K-129, numa região onde a profundidade ultrapassa os 4.000 metros.

Após três semanas de buscas, o USS Halibut finalmente localizou seu alvo (tempo bastante custo, se comparado aos 5 meses gastos pelos EUA, também em 1968, para localizar o USS Scorpion, afundado no Atlântico). Após localizar o submarino soviético, o USS Halibut passou algumas semanas fotografando de todas as maneiras, o seu alvo. O total ultrapassou as 20.000 fotos.
O feito do USS Halibut lhe rendeu em 1968, uma Citação Presidencial, assinada pelo então presidente Lyndon Johnson.
Em 1970, tomando como base estas fotografias, o Secretário de Defesa, Melvin Laird, e o Assessor para a Segurança Nacional, Henry Kissinger, propuseram ao Presidente da República, a criação de um plano clandestino, para recuperar o submarino, para que os EUA pudessem estudar a tecnologia soviética empregada nos mísseis e se possível, recuperar material criptografado. O presidente Nixon aceitou a proposta, entregando à CIA, a tarefa de recuperar a embarcação.

4 – Projeto Jennifer
“Jennifer” era o codinome do projeto criado pela CIA (Agencia Central de Inteligência dos EUA), para a recuperação do submarino soviético naufragado K-129. O “Projeto Jennifer” foi uma das mais complexas, caras e secretas operações de inteligência, ocorridas durante a Guerra Fria (o custo total estimado é de 800 milhões de dólares).
Por mais incrível que possa parecer, os Estados Unidos se viram obrigados a desenvolver tecnologias para garantir uma estabilização precisa dos equipamentos sobre o alvo, além é claro, do desenvolvimento de métodos para a preservação de papel, exposto por anos às águas marinhas. Estes métodos de preservação deveriam ser suficientemente eficientes, para possibilitar a recuperação e leitura dos livros de códigos soviéticos, sepultados junto com o submarino.

4.1 – O USNS Glomar Explorer (T-AG-193) / Hughes Glomar Explorer
A “Global Marine Development Inc.”, uma subsidiária da “Global Marine Inc.”, que por sua vez era uma das empresas pioneiras na exploração de águas profundas, foi contratada para projetar, construir e operar o “USNS Glomar Explorer”, um navio que seria construído especialmente para resgatar secretamente, o submarino soviético K-129, do fundo do mar.
A construção do navio teve início 1972, nos estaleiros da “Sun Shipbuilding”, na Pennsylvania. Para não levantar suspeitas, a CIA entrou em contato com o bilionário Howard Hughes (cujas companhias já haviam recebido diversos contratos para o desenvolvimento e fabricação de armamentos, equipamentos e satélites, para as forças armadas), que concordou em “emprestar” seu nome, para dar veracidade à historia que o navio iria realizar perfurações no leito oceânico, em busca de manganês, para exploração comercial.O fundo do casco do Glomar Explorer abria, a meia nau (a abertura tinha 18 metros de comprimento), dando acesso direto ao mar, por onde uma grande garra mecânica, desenvolvida pela Lockheed e chamada “Capture Vehicle – CV” (chamada carinhosamente de “Clementine” pela tripulação), era baixada, utilizando um sistema parecido com o utilizado para colocação de tubulações em poços de petróleo submarinos (seções tubulares rígidas, de 18 metros de comprimento cada, iam sendo acopladas à garra, uma a uma, até a garra chegar ao fundo do mar). Toda esta operação era feita a partir de uma doca interna, chamada “Piscina Lunar”, que era totalmente coberta, para evitar que o conteúdo da doca pudesse ser visto por outro navio, alguma aeronave ou mesmo satélites espiões.

4.2 – Resgate
O Hughes Glomar Explorer partiu, no dia 19 de junho de 1974, de Long Beach, na Califórnia, em direção ao local do resgate, onde chegou no dia 4 de julho. Chegando ao local do resgate, foram iniciados os preparativos para o resgate do submarino (a operação toda duraria mais de um mês).
Durante este período, pelo menos dois navios soviéticos “visitaram” o Glomar Explorer, o rebocador oceânico “SB-10″ e o Navio Soviético de Instrumentação de Alcance de Mísseis (em inglês: Soviet Missile Range Instrumentation Ship – SMRIS) “Chazma”.
Foram necessários dois dias de trabalho, para que a garra chegasse ao fundo do mar, a quase 5.000 metros de profundidade, quando em seguida, a garra se fecharia lentamente, com seu “Objeto Alvo” (Target Object – TO) em seu interior. Os reportes liberados, indicam que no dia 12 de agosto de 1974, quando o submarino soviético já havia sido erguido em quase 2.000 metros, a “Clementine” sofreu uma falha estrutural e o “Objeto Alvo” se partiu, afundando novamente em diversos pedaços. Somente uma pequena parte da seção dianteira, com aproximadamente 12 metros de comprimento, permaneceu no interior da garra, sendo içada à bordo do navio. Junto com a seção do submarino, os corpos de seis tripulantes soviéticos foram resgatados. Estes tripulantes receberam os atos fúnebres militares, sendo então sepultados no mar. A cerimônia foi filmada e, em 1992, o então diretor da CIA, Robert Gates, viajou à Moscou, onde entregou a bandeira resgatada do K-129 e uma cópia do filme (contendo a cerimônia de sepultamento dos tripulantes), ao então presidente russo, Bóris Yeltsin.

5 – Segredos Descobertos
No final de 1974, o repórter investigativo do “The New York Times”, Seymour Hersh, descobriu a história e planejava publicá-la. Como não podia deixar de ser, antes da publicação, o jornal procurou obter maiores detalhes que comprovassem a veracidade daquela fantástica história e, foi quando o governo dos EUA, com sua “diplomacia”, entrou em contato com o jornal, solicitando que a história não fosse publicada imediatamente, argumentando que a revelação da operação, poderia causar um incidente internacional. Tal argumento foi aceito, conforme Bill Kovach, então chefe do escritório do “The New York Times” em Washington, declararia em entrevista concedida em 2005.
O incidente internacional foi evitado, mas o “The New York Times” perdeu sua chance de publicar esta matéria com exclusividade. Em 1975, o “The Los Angeles Times” publicou a história. Entretanto, não se tem conhecimento das ações da URSS após tomar conhecimento do fato.

6 – Destruição de Provas
No dia 5 de junho de 1974, a sede das empresas de Howard Hughes, em Los Angeles, foi roubada e muitos documentos de Hughes desapareceram. Dez dias antes, o Procurador Especial da Justiça Federal dos EUA, Willian Turner, havia solicitado judicialmente, o recolhimento de toda documentação de Hughes, para examinar a participação do bilionário, através de uma de suas empresas, no chamado “Escândalo Watergate”. A investigação também buscava evidências do envolvimento de Hughes com o crime organizado.
Era sabido que Hughes mantinha em seu poder, cópias de todo o tipo de documento em que ele estivesse envolvimento. Alguns destes documentos, poderiam revelar casos de corrupção em todas as esferas políticas, uma vez que ele mantinha este arquivo pessoal, há mais de 40 anos. Embora Hughes não tenha participado “diretamente” da “Operação Jennifer”, o fato de ter “emprestado” seu nome, o ligou ao episódio. Os documentos jamais foram recuperados.

7 – Segredos Realmente Descobertos?
Em 2005, parte da documentação a respeito desta operação, foi “desclassificada”, ou seja, deixou de ser secreta e conseqüentemente liberada para acesso. A documentação liberada, dá conta que a garra mecânica, sofrera uma falha, rompendo-se, e com ela, grande parte do submarino, em pedaços, mergulhou novamente ao fundo do mar. Justamente por estar despedaçado, não foi possível recuperar mais nada.
Ocorre que em alguns aspectos, as informações não coincidem. De acordo com um engenheiro da Lockheed, que estava a bordo do Glomar Explorer, não foi recuperado nenhum míssil, nenhum livro de códigos ou decodificador, apenas dois torpedos nucleares. Já outros tripulantes, afirmam terem visto livros de códigos e outros materiais que despertaram grande interesse da CIA.
O sistema de içamento utilizado no Glomar Explorer foi desenvolvido pela empresa “Western Gerar Corporation, de Everett, Washington. Em seus relatos, os responsáveis citam que:
O K-129 havia se partido em duas partes principais, provavelmente no impacto, uma vez que as seções estavam muito próximas. A seção dianteira, de aproximadamente 41 metros de comprimento (136 pés) foi a designada como “Target Object”. O CV havia sido configurado para resgatar apenas uma das partes, não havia a intenção de se resgatar as duas partes, nem seria possível, devido à tensão no sistema do elevador.
Estas palavras nos dão mais uma evidência, de que a história ainda nos esconde muita coisa. As condições no local eram conhecidas, sabia-se que o submarino estava partido e que apenas uma das partes interessava. Certamente, numa operação de tal calibre, os sistemas e equipamentos, estariam preparados para operar em condições muito severas. Também era de se esperar, que os engenheiros, afim de garantir a “não falha” dos equipamentos, os tivessem projetado para suportar peso muito maior do que o previsto. Talvez, a história que o submarino foi içado inteiro e se rompeu durante o resgate, nada mais seja do que um despiste, para encobrir real operação, que era resgatar somente uma parte do submarino.

8 – Teorias
Desde 1975, quando a história foi revelada, diversas teorias a respeito deste fato foram criadas. Desde as mais simples, como uma falha mecânica, às mais conspiratórias, como a tentativa deliberada de disparar um míssil nuclear contra os EUA. O fato é que seja o que for, cada teoria encontra embasamento, mesmo que ínfimo, para se justificar.

8.1 – Ataque à Pearl Harbor
Kenneth Sewell, em seu livro “Red Star Rogue: The Untold Story of a Soviet Submarine’s Nuclear Strike Attempt on the U.S.” (2005), nos oferece diversas teorias e especulações a respeito do K-129. Uma destas teorias, é a que o submarino, estaria sob o comando direto da KGB, e que tinha como missão, lançar um míssil nuclear em Pearl Harbor. A tese é que a URSS, acusaria a China de lançar o míssil, na tentativa de provocar uma guerra nuclear entre EUA e URSS (vale lembrar que missões secretas deste tipo, certamente não seriam de conhecimento das “forças regulares”, apenas da KGB). O esperado, é que os EUA, enfurecidos com o ataque (denunciado pela URSS) iniciariam um ataque contra a China, que não teria como revidar um ataque maciço americano.
Tal tese, encontra apoio no seguinte:
As relações entre China e URSS se encontravam bastante deterioradas na década de 1960, que culminaria nos “combates” entre os dois exércitos, em 1969, que quase se transformou em guerra aberta. Documentos liberados com o final da URSS, dão conta que a nação tinha planos para uma guerra nuclear contra a China, da mesma maneira que os tinha com os EUA.
O submarino soviético afundou em um local totalmente fora da área onde a URSS esperava encontrá-lo. Tal fato colabora para que ele seja considerado como “rebelde”, e portanto, totalmente possível de tentar realizar um ataque “não programado”.
Quando os documentos a respeito da “Operação Jennifer” foram “desclassificados” em 2005, diversas das fotos se tornaram publicas. Nestas fotos se pode ver que o dano que teria resultado no naufrágio do K-129, se deu na parte posterior da vela, junto aos tubos lançadores dos mísseis. Ocorre que de um modo geral, os mísseis tem um sistema de segurança, para evitar o disparo “não autorizado”. Este sistema consistem em uma carga interna de explosivos, que é detonada, evitando o lançamento do míssil e o armamento da ogiva nuclear. Pela extensão dos danos, muitos especialistas afirmam, que houve uma tentativa “não autorizada” de lançar pelo menos um míssil.
O livro também “revela” que a Operação Jennifer foi totalmente bem sucedida e que os EUA se apoderaram de códigos e equipamentos de codificação, bem como do tão esperado míssil soviético.

8.2 Olho por Olho
Peter Huchthausen, Capitão reformado da Marinha dos Estados Unidos, é ex-Adido Naval dos EUA em Moscou. Em 1987, enquanto ainda era Adido Naval, teve uma breve conversa com alguns almirantes soviéticos, acerca do K-129. Ele relata que em determinado momento, o Almirante Peter Navojtsev, tomou a palavra de disse:
Capitão, você é muito jovem e inexperiente, mas você vai aprender que existem muitos assuntos, que nossas nações acordaram em não discutir. E um destes assuntos é a razão que nos levou a perder o K-129
Em 1995, quando então Peter Huchthausen, começou a trabalhar em um livro sobre a força submarina soviética, ele entrevistou pessoalmente o Almirante Victor Dygalo. Quando o assunto “K-129” foi abordado, o almirante lhe disse, que a verdadeira história do K-129 não havia sido revelada, por cauda de um acordo informal entre os comandos navais dos dois países (URSS e EUA). O propósito disto, disse ele, era encerrar qualquer trabalho acerca das perdas dos submarinos USS Scorpion e K-129. Além disto, o antigo almirante soviético teria dito:
Esqueça este assunto, e tenha esperanças que chegará o tempo em que a verdade será dita às famílias das vítimas."

9 – Conclusão
Como certo, podemos apenas afirmar que o submarino soviético K-129 teve uma curta carreira. Embora tenham sido liberados alguns documentos e imagens, a mais importante parte dos documentos permanece secreta, tanto nos EUA, quanto na Rússia.
As muitas perguntas sem resposta, provavelmente nunca serão respondidas em sua totalidade. Mediante o que pode ser apurado, é estranho por exemplo, que a URSS não tenha manifestado sua indignação, quando em 1975, a história foi publicada. Bastante provável por exemplo, que a Marinha Soviética, tenha modificado ou trocado seus códigos navais, mediante tão assustadora ameaça, de que seus códigos tenham sido descobertos e decifrados pelo inimigo. Também é muito estranho, que mesmo hoje, 20 anos depois do fim da URSS (e 35 anos depois de realizada a operação Jennifer), os EUA não tenham “desclassificado” os documentos a respeito do ocorrido.

Leituras relacionadas

- Deadlybirds
- Hughes Glomar Explorer
- K129 (Wikipedia)
- Navsource.org
- Produções Anômalas
- Projeto Jennifer (Wikipedia)
- USNS Glomar Explorer (Wikipedia)



Fonte: Reservaer
COMENTO: histórias ou estórias da Guerra Fria. O fato aconteceu, suas causas e conseqüências, talvez nunca venhamos a conhecer. Sobre o USS Scorpion, veja AQUI e no YOU TUBE.



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