O general abriu o arquivo
Carreira Militar

O general abriu o arquivo


Foi-se o tempo que general não tinha cara, não falava com a imprensa. Agora, ontem à noite (3/4) pela TV a cabo da Globo, nesses tempos de abertura dos arquivos da ditabranda, ou dos anos de chumbo como prefere o comunistéu, o General Leônidas Pires Gonçalves falou. Abriu.
No decorrer da entrevista, enfatizou: numa guerra o que temos é o horror. De belo, só a vitória. E, quem entra numa guerra não pode lamentar a morte. Falou várias vezes.
Compramos informação dos comunistas
E ainda, para espanto do entrevistador, o jornalista Geneton Moraes Neto, da Globo, devolveu na pergunta sobre confissões de terroristas comunistas obtidas através de tortura: não foi só através de tortura, foi também por delação, inclusive dos membros dirigentes do Partido Comunista.
O general afirmou que, atualmente, todo mundo diz que foi torturado para receber a bolsa ditadura e lançou um desafio público: quer que apareça um prisioneiro que tenha sido torturado enquanto ele chefiou o temido DOI-CODI.
E a bomba: Foi por dinheiro, 150 mil entregues em Porto Alegre à filha do delator da cúpula do Partido Comunista, que obtivemos a informação, local, data e hora, sobre a reunião no aparelho comunista da Lapa, em São Paulo, no dia 16 de dezembro de 1976, quando foram mortos três dirigentes do partidão, porque reagiram à prisão.
E perguntou ao repórter: "é duro ouvir, é?" E em várias outras respostas que deu, perguntou depois: foi isso que você perguntou, isso que queria saber?
O repórter, ao ouvir que compraram um dirigente terrorista comunista, retrucou, ponderando que a informação era "muito grave". Grave nada, ora vejam, a informação é muito interessante. Ou o jornalista estava achando que poderia ferir a honra de terrorista. Ou, pior, achando que terrorista tem honra?
E então o general contou também que essa coisa de pagar por informação de terrorista aprendeu numa viagem à Colômbia, que faziam muito lá e fizeram bastante aqui também.
Foi o senhor quem pagou? Eu não, oras, foi o Exército, respondeu. Mas que dinheiro é esse do Exército? É dinheiro que custeia Ações de Inteligência, explicou. E cutucou, noutra hora, a dinheirama que se gasta a titulo de indenização de terroristas e comunistas: são 2 bilhões até agora, com essa bolsa-ditadura. Na verdade, sabe-se, já é muito mais.
Jover Telles é o nome do traidor da cúpula do PCdoB que, por uns poucos trocados, delatou toda a direção do partido. O caso é narrado pelos comunas como “a chacina da Lapa”. Foi tanto chacina que mais da metade deles presentes na mansão ficaram vivos. Quem levou chumbo quente foi quem reagiu: Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Baptista Franco Drummond. Os empregados da mansão, inclusive, nada sofreram. Elza Monerat escapou por pouco. João Amazonas se salvou porque estava na China, tendo passado pela Albânia, tentando convencer Fumanchú a decidir entrar numa fria.
Jover Telles não sabia deste detalhe. Leia a operação conjunta do I e II EX em detalhes no livro A Verdade Sufocada.
Jover Teles já morreu de velho no interior do RS, aos ±90 anos de idade. Nunca se arrependeu de ter entregue os companheiros, igualzinho aos demais traidores apontados pelo próprio João Amazonas: José Genoíno da cueca cheia de dólares, Pedro Albuquerque Neto que nos levou ao local onde os guerrilheiros estavam treinando, e um outro, dentre vários valentes comunistas, famoso do Molipo, agente do serviço secreto cubano, que ninguém sabe, nem sequer imagina ou desconfia, o nome ... acho que era o Cabo Anselmo ... “almirante” do Molipo.
Assim, fica sendo conhecida uma nova forma de tortura: surra com notas de Cruzeiros ... Agora, eles continuam a ganhar e milhões de vezes mais, como representantes do povo ...

Mas quem é esse general?
Já com longa carreira, no Comando Militar da Amazônia, no Comando Militar do Sul e também comandante do DOI-CODI no Rio de Janeiro nos anos 70, os anos da repressão militar, depois foi nomeado, em 1985, Ministro do Exército pelo presidente eleito Tancredo Neves.
Com a morte de Tancredo, foi ele quem garantiu a posse do então vice, José Sarney, diante da reticência de "setores" militares, civis e políticos. Foi quem implantou o processo de modernização do Exército Brasileiro. Aos 89 anos de idade, falou à vontade, abriu até mais do que foi pedido. Mostrou que vale sim a pena abrir os arquivos da ditabranda.
Parabéns ao General Leônidas que provou não ser bunda-mole como tantos outros que estamos vendo atualmente...
Adaptação dos textos copiados das
Fontes: Trem Azul-4/4/10 e Blog do Cel Lício

ATUALIZAÇÃO: Manoel Jover Telles passou seus últimos dias em Santa Catarina, onde era conhecido como “Manolo”. Pertencia ao Grupo de Poetas Livres e à Academia Catarinense de Letras e Artes. Sofreu derrame cerebral, foi hospitalizado, mas não resistiu. Faleceu na noite de um sábado, dia 16 de junho de 2007, aos 86 anos.



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