No País Das Bolsas
Carreira Militar

No País Das Bolsas


por Percival Puggina
Não nos restam mais do que vagos e deficientes indícios de democracia. Para identificá-los já se requer, inclusive, certa capacitação técnica. É necessário saber onde procurar. E é preciso usar, como fazem os peritos, os elementos de contraste que permitem discernir traços do que praticamente desapareceu.
Ninguém recusará que:
a) quanto maior a concentração de poder político, tanto menor a Democracia;
b) quanto maior a influência do poder econômico, tanto mais frágil a democracia;
c) quanto menor a credibilidade do parlamento, tanto menor o crédito na democracia;
d) quanto maior a influência do poder político sobre os meios de comunicação, tanto pior a qualidade da informação e menor a capacidade de análise sobre os fatos que influenciam a vida das pessoas. E, consequentemente, suas decisões eleitorais. Tudo isso e muito mais já ocorre no Brasil. Em proporções avassaladoras.
Claro, claro, temos eleições. Mas democracia não se confunde com a realização de eleições nem é algo totalmente assimilado por elas. Em Cuba há eleições. Na Venezuela há eleições. No Irã há eleições. E só os totalitários têm coragem de dizer que esses países são democráticos. No Brasil, a concentração de poderes nas mãos do Presidente da República só é menor do que a generosidade com que o Congresso Nacional os concede a ele. Como escrevi há poucos dias, o Presidente chefia o Estado, o governo, a administração pública federal e as estatais. Executa um orçamento que corresponde a 22% do PIB nacional. Legisla sobre o que quer, a seu bel prazer, através de medidas provisórias de aplicabilidade imediata. Libera ou não, ao seu gosto, recursos para os estados e municípios. O que são as obras do PAC senão uma espécie de Bolsa Estado, ou Bolsa Município, distribuídas assim, como donativo, para as mãos súplices dos gestores locais???
Essas práticas, cada vez mais frequentes, somam-se ao poder que o partido do governo exerce nos fundos de pensão, nos sindicatos, no FAT, nas principais corporações funcionais do país. E ainda tem o Bolsa Família. Ah, o Bolsa Família, que Lula oposicionista chamava de comprar voto do eleitor que "pensa com o estômago"! Lula presidente potencializou o programa e é brandindo a ameaça de que a oposição, se vencedora, vai acabar com ele, que sua candidata se prepara para colocar a faixa presidencial no peito. E não podemos esquecer o mais robusto e sedutor achado da cartola presidencial: o Bolsa Empresa. É, leitor, você leu certo: o Bolsa Empresa. Foi o Bolsa Empresa que trouxe o empresariado nacional como gatinho mimado para o colo do governo, lamber a mão e pedir cafuné. Afinal, os R$ 15 bilhões destinados ao Bolsa Família ficam constrangidos de sua indigência diante dos fabulosos financiamentos concedidos pelo BNDES às empresas brasileiras. Nos últimos dois anos, foram R$ 180 bilhões emprestados pelo governo ao Banco. O governo tomou esse dinheiro no mercado a mais de 10% ao ano (elevando significativamente a dívida pública, ou seja, a nossa dívida) e emprestou às empresas por um juro que não paga a metade do custo de aquisição. Bolsa Família para os pobres e Louis Vuitton para os ricos.
Poucos, muito poucos empresários brasileiros, hoje, não ficam deslumbrados, embasbacados, cada vez que Lula e Dilma abrem a boca.
Ouvem-nos dizer - "Nós criamos 14 milhões de empregos!" - e batem palmas, mesmo sabendo que quem criou esses empregos foram eles mesmos, os empresários. Não percebem, interesseiros, cooptados como estão, que se a economia der alguns passos para trás e for necessário desempregar, o governo imediatamente vai lhes jogar nas costas a responsabilidade pelo desemprego. E a coisa fica assim: o governo cria o emprego e o empresariado cria o desemprego. É a lógica impostora que os tolos endossam.
Sim, leitor amigo, as eleições que se avizinham são mero acessório de algo que se exaure. Nenhuma democracia resiste a tamanha concentração de poder e a tanta cooptação.
* Percival Puggina é arquiteto, empresário,
escritor, titular do site Blog do Puggina.......
Fonte: Midia @ Mais,
indicado pelo meu amigo Paulo Gilmar.



loading...

- Mais De 40% Dos Beneficiários Do Bolsa-família Continuam Miseráveis
Número de pobres apesar de benefício aparece em estudo do ministério a pedido do 'Estado' A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como...

- Dívida Interna: Perigo à Vista
por Waldir SerafimA dívida interna do Brasil, que montava R$ 892,4 bilhões quando Lula assumiu o governo em 2003, atingiu em setembro passado o montante de 1,415 trilhão de reais e, segundo limites definidos pelo próprio governo, poderá fechar 2010...

- Bolsa Eleição
por Guilherme FiuzaEsqueçam as mais de 100 mil pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família que têm carros, tratores ou motos importadas, como informou o TCU. Esqueçam as mais de 1 milhão que recebem a mesada governamental tendo renda acima do permitido....

- Bolsa Família, Um Exército De Dependentes...
. Bolsa Família atingirá um em cada três brasileiros em 2010"O Bolsa Família, maior programa social do governo Lula, atingirá em 2010, ano eleitoral, um em cada três brasileiros. Hoje o benefício já chega, direta ou indiretamente, a 29% da população...

- Sobre A Bolsa-esmola
Coluna do Claudio Humberto - 14 Jan 2009:É oficial: Bolsa-Família vicia o cidadão Após relutar muito, o governo federal decidiu oferecer aos beneficiados do Bolsa-Família a “porta de saída” do programa: cursos de qualificação que os prepare...



Carreira Militar








.