Hugo Chávez – o urso e o cachorro
Carreira Militar

Hugo Chávez – o urso e o cachorro


por João Carlos Cascaes
Os ursos matam muita gente onde vivem, não simplesmente porque apreciem caçar seres humanos. A necessidade de sobreviver em ambientes onde imperavam leva-os a defender seus territórios, quando provocados pelos bichinhos de estimação de pessoas próximas. Reagem defendendo-se dos chatos que, entre outras coisas, poderão garantir um “tira gosto”. Ou seja, o totó descobre uma fera, late, faz de conta que vai enfrentá-la e quando o bicho se enfurece o cãozinho (qualquer cachorro é pequeno diante de um urso) foge para os braços do dono, expondo-o à irritação do animal mais do que selvagem.
Na América Latina, de tempos em tempos, temos ondas caudilhescas que nos impõem atrasos e conflitos danosos ao povo. Eventualmente, graças à lucidez e disposição de um líder, temos benefícios, o que ainda nos faz ter orgulho e admiração, por exemplo, de Getúlio Vargas, apesar de seus erros e vacilações, perfeitamente compreensíveis num período de fastígio do nazifascismo.
Agora é a vez da Venezuela, um país com uma história complexa, líderes fortes e fracos e de submissão a interesses estrangeiros tão grandes quanto suas jazidas de petróleo. É compreensível existir naquele país uma polarização violenta entre defensores da democracia capitalista e agora os chavistas. A questão é, até onde Hugo Chávez é eficaz, sincero, patriota ou, simplesmente, mais um caudilho sem rumo nem lógica? Ou Hugo Rafael Cháves Frías seria um militar golpista querendo entrar para a história no rastro de outros semelhantes, ditadores que impuseram a seus países o medo, a demagogia radical, o culto à personalidade, a irresponsabilidade e incompetência?
Obviamente esperamos que não. O povo venezuelano merece uma boa distribuição de renda e saborear os benefícios de suas riquezas naturais. Talvez o caminho seja o estabelecido por esse militar, o que duvidamos muito. Distantes da baía de Maracaibo ficamos, contudo, apreensivos diante da política externa do presidente Frías.
Autodeterminação dos povos é algo importantíssimo. Nações com identidade institucional existem para poderem errar e acertar por conta própria. Intervencionismo normalmente esconde a pior forma de imperialismo (as Guerras do Ópio mostraram isso tetricamente).
Os menores países latino-americanos sempre padeceram sob os impérios, do brasileiro ao estadunidense, incluindo os europeus: inglês, holandês, francês e espanhol. É história e não era privilégio desses países (ou imperadores) querer conquistar povos e terras.
De uma forma ou de outra as tribos organizadas, usando tacapes, lanças e flechas, porta aviões ou tanques de guerra sempre quiseram garantir espaços vitais. Sabendo disso, as nações mais fracas precisam usar a diplomacia e ter habilidade para não criarem motivos para intervenções.
Podemos perguntar, pois, a quem serve Hugo Chávez?
Desde que assumiu, o presidente mais e mais ditador da Venezuela vem provocando vizinhos próximos e distantes, para quê?
Se está a serviço de alguma potência, se esse país é os EUA, foi bem sucedido. Tanto fez que agora viabiliza um acordo militar dos EUA com a Colômbia. Ou seja, os Estados Unidos da América do Norte terão sua “cabeça de ponte” junto às fronteiras brasileiras, no meio da Amazônia.
O cachorrinho trouxe o urso...
Fonte: Quixotando



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