Carlos Azambuja | 23 Junho 2009
O Hezbollah utilizou distintas denominações, objetivando confundir os Órgãos de Inteligência ocidentais: Jihad Islâmica (quando de objetivos ocidentais no Líbano); Resistência Islâmica (quando os objetivos eram israelenses); e outras denominações ocasionais, como Organização para a Justiça Revolucionária, Organização dos Oprimidos da Terra, ou Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina.
HEZBOLLAH: significa "Partido de Deus". Foi constituído em 1982 por um grupo de libaneses muçulmanos xiitas, quase todos clérigos. Recebem suporte ativo do Irã - orientação ideológica e fundos financeiros. Seu objetivo é criar um Estado Islâmico no Líbano, além de estimular a destruição de Israel. Opera a partir do Vale do Bekah, no Sul do Líbano. Por meio de seu braço armado, a JIHAD ISLÂMICA, é responsável por inúmeros atentados e mortes dentro e fora de Israel.
É, certamente, um dos grupos mais eficazes e poderosos, com extensas ramificações na Europa, África e Américas do Norte e Sul. Em julho de 1993, enquanto negociava a paz em segredo com a Síria, Israel lançou contra o Hezbollah a "Operação Ajuste de Contas", que consistiu no bombardeio de aldeias e cidades situadas em uma faixa de segurança de 14 quilômetros no Sul do Líbano, criada em 1985.
Em fins de julho de 1993, o saldo dessa Operação era de 86 mortos, 480 feridos e 360 mil libaneses deslocados dessa região para Beirute. Tudo isso entre o fogo cruzado dos israelenses e dos membros do Hezbollah, que dispunham de mísseis soviéticos Katiushka.
Com se sabe,
a "Operação Ajuste de Contas" não trouxe qualquer resultado prático para Israel. Ao contrário, desencadeou uma série de críticas internas e a repulsa internacional. O Hezbollah surgiu da fusão de dois grupos: o partido islâmico pró-Síria "Amal" (que significa Esperança), dirigido por Hussein Musawi, primo de Abu Abbas - dirigente do Hezbollah até sua morte em mãos de um comando israelense -, e um grupo originário do Vale do Bekah, dirigido por Subbi Tufaili.
O Vale do Bekah, ao Sul do Líbano, contava, na época, com a proteção das tropas sírias. Sua economia consistia nos cultivos mais importantes do mundo, da papoula, de onde é extraído o ópio, e do haxixe. Na região estava instalada uma plataforma síria de lançamento de mísseis.
O grupo xiita representa 30% da população do Líbano, e é considerado o mais radicalizado da maioria muçulmana do País. Esse grupo, a partir da revolução iraniana tentou criar um Estado regido pelas leis islâmicas e expulsar do País a minoria cristã. Sua política com relação aos habitantes do Sul do Líbano era similar à desenvolvida atualmente pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC): em regiões onde o Estado não existe auxiliam as populações desassistidas e impõem a "sua lei".
Em outubro de 1983, o Hezbollah realizou sua primeira operação terrorista: um caminhão-bomba dirigido por um militante-suicida foi lançado contra um quartel da Infantaria de Marinha dos EUA, perto do aeroporto de Beirute, causando 241 mortes. Pouco tempo depois, um outro caminhão foi lançado contra um quartel das tropas francesas, também em Beirute, deixando 58 vítimas. Após cada atentado o Hezbollah comunicava-se com a imprensa, reivindicavam a ação e enviavam uma série de fotos dos quartéis, obtidas antes dos ataques, revelando que havia sido realizado um prévio levantamento dos alvos.
Na lista de atentados do Hezbollah, os mais importantes são os seguintes: quartel do exército israelense na cidade de Tiro, no Líbano, em 4 de novembro de 1983 (60 mortos); embaixadas da França e EUA no Kwait, em 12 de dezembro de 1983 (7 mortos); anexo da embaixada dos EUA em Beirute em 21 de setembro de 1984 (23 mortos); embaixada dos EUA em Beirute em 8 de abril de 1993 (63 mortos).
Todos esses atentados foram reivindicados pelo Hezbollah que, além disso, realizou uma extensa série de seqüestros e atentados individuais, como a tomada da embaixada dos EUA no Irã durante 444 dias, em novembro de 1979; o assassinato de Malcolm Kerr, presidente da Universidade Americana em Beirute, em 18 de janeiro de 1984; o seqüestro do jornalista Jeremy Levin, da rede CNN, em 7 de março de 1984; o seqüestro do vôo 221, com destino a Teerã, em 3 de dezembro de 1984, durante o qual dois oficiais do Departamento de Estado dos EUA foram mortos; o seqüestro, em Beirute, do jornalista Terry Anderson, em 16 de março de 1985; atentado a bomba na sinagoga de Copenhague, em 22 de julho de 1985; uma série de atentados a bomba em Paris, no mês de setembro de 1985, deixando 9 mortos; o seqüestro de quatro professores do University College, em Beirute, em 24 de janeiro de 1987.
Nessas ações terroristas, o Hezbollah utilizou distintas denominações, objetivando confundir os Órgãos de Inteligência ocidentais: Jihad Islâmica (quando de objetivos ocidentais no Líbano); Resistência Islâmica (quando os objetivos eram israelenses); e outras denominações ocasionais, como Organização para a Justiça Revolucionária, Organização dos Oprimidos da Terra, ou Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina. Embora o Alcorão proíba o suicídio, a morte dos condutores de carros-bomba é justificada pelo Hezbollah sob a alegação de que o resultado é equivalente ou excede a perda da alma do suicida. As divisões internas no Hezbolah se acentuaram a partir de 1989. No Congresso realizado em 1991, Abbas Musawi foi eleito dirigente máximo do grupo. No entanto, foi assassinado logo depois, em fevereiro de 1992, por um comando israelense. Essa morte foi assinalada por alguns como motivadora do atentado a bomba à embaixada de Israel em Buenos Aires, pouco menos de um mês depois.
Hoje o Hezbollah encontra-se instalado na Argentina e Venezuela, conforme mostram as fotos abaixo:
Fonte: Mídia Sem Máscara
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