Carreira Militar
Fim do Bolsa Família: a Necessidade do Medo
por Milton Simon Pires
Já escrevi antes sobre o medo. Volto agora ao tema em função desse episódio, patético, protagonizado pela Caixa Econômica Federal com relação ao Bolsa Família. Em texto anterior expliquei que todo Estado totalitário tem como fundamento três características – a burocracia, a violência, e a desinformação. Lembro desde logo que essa teoria não é minha.
Está muito bem detalhada em As Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt e serve, ao meu ver, como uma luva para o Brasil petista. Faço aqui questão de salientar a expressão Brasil petista e não Brasil do PT. Sustento que, a exemplo de Alemanha Nazista, é esse o conceito a ser usado.
O episódio desencadeado pelo boato do fim do Bolsa Família pode ser compreendido nos termos da teoria de Arendt à medida que aceitarmos a indução de medo como uma forma de violência.
Acho desnecessário falar aqui sobre a burocracia num país com quarenta ministérios e não vejo sentido em mencionar a desinformação numa sociedade que acredita mais nas redes sociais (até porque não existem muitas alternativas) do que nos seus jornalistas sérios.
Há muito, mas muito tempo mesmo, o medo tornou-se uma constante na vida do brasileiro. A coisa chegou a tal ponto que fazer uma lista dos motivos seria desperdício para o leitor. A novidade, se é que posso usar esse termo, é o sentido político que esse sentimento assumiu.
O medo da sociedade brasileira provocado por uma organização criminosa como o Partido dos Trabalhadores vai muito além da prisão, da tortura, ou dos desaparecimentos das décadas de 60 e 70. Sustento que o medo no Brasil petista tem “vida própria”. Passou a ser uma espécie de categoria do pensamento, uma proposição a priori que não necessita de demonstração e que passou, ela sim, a dirigir a nossa racionalidade.
Vivemos com medo de absolutamente tudo – violência, doenças, pobreza, corrupção, injustiça... enfim, a lista é interminável mas talvez seja a primeira vez em toda história do Brasil que vivemos com medo sem acreditar que possa haver algo melhor.
É a falta de esperança, acompanhada pelo medo, que nos leva a um nível de sofrimento... um sofrimento que nunca antes na história desse país havia acontecido. O medo provocado pela ralé do PT tem em comum com os medos de Hitler e Stalin a história de uma governo que não tem oposição alguma.
O sentido da violência e do medo na perspectiva tática do PT não pode ser explicado em termos tradicionais. O medo não serve para manter esse tipo de gente no governo; mas no poder. Há que se fazer aqui uma profunda distinção e lembrar sempre que o poder é capacidade de gerar consenso. Governo no Brasil pode significar qualquer outra coisa; menos poder.
Já expliquei em artigo anterior como surgiu o poder do PT na sociedade brasileira. Aqui, e para terminar, sustento que o medo constante faz parte da sua forma de governar. Medo que, como demonstrado pelo caso do Bolsa Família, serviu para mostrar que na teoria petista as coisas poderiam ser “muito piores” se ele, PT, não estivesse no governo. Esqueçam portanto o mensalão, Rosemary Noronha, Celso Daniel, e tantos outros escândalos desses últimos dez anos e fiquem vocês, os pobres dependentes do Bolsa Família, convencidos de que “a vida pode ficar bem ruim se nós do PT não estivermos aqui para defendê-los”. Isso se chama mensagem subliminar. Em outra ocasião escrevo mais sobre ela falando das suas origens em Goebbels na década de 1930.
Lembrem-se todos os brasileiros que de agora em diante terão além das necessidades históricas de saúde, educação e segurança, mais uma necessidade terrível e que vai fazê-los esquecer de todas as outras – a necessidade do próprio medo..
Milton Simon Pires é Médico.
Fonte: Alerta Total
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