Equipe formada por oito cães e 12 soldados
trabalha desde o dia 23 na busca de vítimas soterradas.
Dois blumenauenses sobreviventes das enxurradas, deslizamentos de terra e alagamentos que atingiram Blumenau nos últimos dias têm muito a agradecer a Zorg, Fênix, Astra, Luge, Cindi, Thell, Xanxerê e Brasil. Eles foram encontrados soterrados pelos cães do Corpo de Bombeiros, um na rua Independência, no bairro Valparaíso, e outro na rua Santa Rita, no Fortaleza.
Os oito cachorros da raça labrador integram a equipe de busca e resgate dos bombeiros e são responsáveis por 40% dos resgates a vítimas por soterramento na cidade. Os sobreviventes não foram identificados pelos bombeiros na hora do resgate.
Na cidade desde o último dia 23, o grupo formado por 12 soldados e oito cães, localizou 10 das 24 vítimas fatais confirmadas oficialmente pela Defesa Civil, além dos dois sobreviventes de soterramentos. De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Blumenau, tenente-coronel Carlos Olímpio Menestrina, 40% das vítimas de Blumenau foram encontradas pelos cães. "É um trabalho que não é visto, mas de fundamental importância nessas horas", comenta.
Agilidade
O capitão Walter Parizotto, comandante da corporação de Xanxerê, foi convocado para auxiliar os companheiros de Blumenau. Trouxe junto os cães Xanxerê, Brasil e Zorg, além de Cindi, que veio de Chapecó. Há seis anos trabalhando com cães na equipe de resgate, Parizotto destaca a agilidade que os animais dão aos trabalhos de busca.
"O cão é muito importante nessas horas, já que temos muita área para cavar e muitas pessoas para procurar. Com eles, as missões são mais rápidas e precisas, tornando as operações mais baratas, já que não precisamos usar escavadeiras".
O policial recorda que um dos cães chegou a encontrar uma vítima soterrada, já sem vida, a mais de quatro metros de profundidade. "Era uma área enorme. Imagina quanto tempo teríamos que cavar, se não tivéssemos o auxílio deles".
De fora
Todos os cães que auxiliam as equipes de busca não são de Blumenau. Além dos quatro cães que vieram do Oeste catarinense, os outros quatro vieram de diferentes regiões do Estado. De acordo com o capitão Parizotto, vieram de Rio do Sul, Braço do Norte, São José e Florianópolis. Sobre a ausência de cães de busca em Blumenau, o comandante Menestrina diz que é desnecessário. "Seria um custo desnecessário, já que os cães de Rio do Sul podem nos atender", justifica, afirmando que cada região tem uma prioridade. (Everton Siemann)
Entenda porque os bombeiros optam pelos labradores
O capitão Wilson Parizotto, que comanda a atuação do grupo de busca e resgate com os cães, diz que a escolha pelos labradores se deve ao fato de serem mais dóceis e terem um potencial de trabalho elevado. "São ótimos, com grande capacidade de aprendizado. Além de serem mais dóceis em relação a outras raças, também têm maior resistência", garante.
Outro fator importante é a procriação. De acordo com o capitão, com o passar dos anos, é feita a reprodução entre os animais que já trabalham, no intuito de aperfeiçoar ainda mais o trabalho da raça. "A reprodução, na maioria dos casos, faz com que os filhotes sejam mais evoluídos que os pais para o trabalho". Segundo Parizotto, os cães que estão trabalhando em Blumenau são jovens, com média de idade de três anos. "Com cinco anos, podemos dizer que é a melhor fase dos cães".