Às vezes faço comparações entre notícias que não possuem vínculo aparentes mas que podem ser estabelecidos com um pequeno esforço mental.
Afinal, se o Mico Mandante venezuelano pode fazer ilações e acusar os EUA de ter ocasionado o terremoto haitiano por meio de uma nova arma de raios celestiais, ou infernais - clique aqui -, eu também posso colocar minha fértil imaginação para funcionar.
Dois dias após o terrível terremoto que destruiu Porto Príncipe no Haiti, o presidente brasileiro anunciou o propósito de destinar 15 milhões de dólares para ajudar a reconstrução daquele país.
Na ocasião o jornalista Claudio Humberto publicou em sua coluna no dia 14 Jan 2010 (ver "Colunas Anteriores") uma "explicação" para a rapidez dessa decisão: "como em doações a outros países, parte do dinheiro pode acabar em ONGs de 'trabalho voluntário' e 'humanitário' ligadas a petistas", isto é, a suspeita do profissional da imprensa era a de que boa parte da "doação" fosse destinada à "cumpanherada".
Tal suspeita ocorria em função da grande quantidade de Organizações Não-Governamentais, dirigidas por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, existentes em países para onde se destinam "doações humanitárias" do governo de Luis Inácio, como El Salvador, Bolívia, Cuba e Equador, além, é claro, do Haiti, onde o senador Heráclito Fortes, presidente da "CPI das ONGs", se espantou em visita feita em setembro de 2009 com a verdadeira "invasão de ONGs brasileiras". Em função disso, insistentemente foi solicitado que o governo informasse à "CPI das ONGs" quantas e quais delas recebem dinheiro público brasileiro. Ainda estão sem saber!
Em 13 Jan 2010, no dia seguinte ao sismo, os Estados Unidos já estavam presentes no local da tragédia com um efetivo que nos dias seguintes alcançou a 22.000 militares e assumiram entre outros pontos o controle do aeroporto de Porto Príncipe. Isto quase provocou um atrito diplomático com os militares que compõem a MINUSTAH, sob controle da Organização das Nações Unidas (ONU). Os norte-americanos tentaram minimizar as críticas com a explicação de que a assunção do controle do espaço aéreo haitiano pelos norte-americanos havia sido um pedido do Presidente haitiano, René Preval.
Obviamente, os aloprados do Foro de São Paulo não perderam a oportunidade de acusar o governo dos Estados Unidos de realizar uma ocupação militar no Haiti. Para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o país norte-americano usou do terremoto que devastou o Haiti “para tomar a região sobre os corpos e lágrimas de seu povo”. Ele afirmou que os Estados Unidos “começaram (a ocupação) com o aeroporto”, referindo-se ao fato de os militares dos EUA estarem controlando o aeroporto de Porto Príncipe. Já o líder boliviano, Evo Morales, disse que pediria uma reunião de emergência da ONU “para repudiar e rejeitar essa ocupação militar dos Estados Unidos”.
No dia 30 Jan, dezoito dias após o desastre, o jornalista Luis Kawaguti publicou um artigo na Folha em que mostra outro flagelo haitiano. Segundo ele: "As principais rotas de tráfico de cocaína de Colômbia, Bolívia e Peru para os EUA e para a Europa passam pelo país e ajudam a financiar gangues e policiais corruptos. ... Estimativas da Unpol, a polícia das Nações Unidas que auxilia a Polícia Nacional do Haiti, dão conta de que pelo menos entre 8 e 10 toneladas de cocaína passem pelo Haiti por mês. A droga vai para a Venezuela e de lá segue para o Haiti em pequenos aviões venezuelanos. A polícia da ONU já identificou 22 pistas de pouso clandestinas no país caribenho. Os carregamentos chegam a cidades e ilhas no sul do Haiti, que funcionam como pontos de apoio. Seguem então para o norte do país em lanchas de alta velocidade, passando por um entreposto na ilha La Gonave - para onde o Brasil está enviando tropas que integram a Minustah, missão de paz da ONU -, e também por uma rota terrestre, em carros dirigidos por policiais haitianos corruptos, segundo investigação da Unpol. Os destinos finais são bases de traficantes na ilha de La Tortuga e na cidade de Port de Paix, área cuja segurança é responsabilidade da Argentina. A principal base dos criminosos fica em La Tortuga, um antigo reduto de piratas na época colonial, onde praticamente não há presença do Estado nem da ONU. Policiais da ONU sobrevoaram essa ilha no fim de 2009 e identificaram mansões supostamente usadas pelos traficantes. De lá, as drogas seguem em lanchas de alta velocidade para as ilhas Turks e Caicos, de onde vão para a Europa em embarcações e aviões, e para as Bahamas - a porta de entrada para os EUA. Para despistar as autoridades americanas, os traficantes usam barcos de pesca e aviões que voam a baixa altitude para não serem detectados por radares."
Em 4 Fev 2010, o jornalista Claudio Humberto voltou ao assunto das ONG no Haiti. Anunciou que a "Via Campesina", que com o MST depreda e invade propriedades rurais, solicitou verbas do governo Lula para enviar uma “brigada” ao Haiti, não para plantar batatas, mas “ajudar com engenheiros e médicos”.
Por fim, no domingo passado, 14 Fev 2010, mesma data em que os EUA anunciavam a redução do seu efetivo militar no Haiti para 13.000, o jornalista Jorge Serrão publicou em seu blog Alerta Total que "O terremoto do Haiti agravou o já complicado relacionamento da Águia com Lula. O bicho pegou porque, no meio da desgraça, os serviços de inteligência dos EUA constataram que Porto Príncipe era o teatro de operações de treinamento de grupos terroristas e narcoguerrilheiros que tinham interfaces, principalmente, com o Brasil e gente muito poderosa daqui. Eis o motivo pelo qual o Exército dos EUA entrou tão pesado no “socorro” ao Haiti. Os militares norte-americanos fizeram uma operação de guerra para recolher documentos que comprovavam o esquema do terror – já na fase de organização para a operação efetiva. A Águia ficou fula da vida com Lula porque ele criticou (tendo seus motivos pessoais) a “intervenção” dos norte-americanos no arrasado Haiti. ..."
Pois bem. É inegável a capacidade dos militares norte-americanos de gerar antipatia nas regiões onde atuam. O orgulho, ou a arrogância como queiram, de pertencer às Forças Armadas da maior potência mundial, faz com que os norte-americanos não sejam bem-vistos nem mesmo por quem deles depende ou são auxiliados.
Por outro lado, não se pode fechar os olhos ao uso que os "yankees" fazem da tecnologia a seu alcance. Como bem lembrou um leitor do Claudio Humberto, em 17 Fev 2010 (Tecnologia dos USA na tragédia do Haiti), enquanto muitos países doaram milhares de garrafões de água a serem transportados por aviões, a utilização da tecnologia de dois gigantescos navios atracados em Porto Príncipe permitiu que fossem desalinizadas rapidamente pelo porta aviões USS Carl Vinson cerca de 200 mil galões diários de água para os haitianos, que somados aos 300 mil galões diários produzidos pelo navio-hospital USNS Comfort, amenizaram o problema da sede daquele sofrido povo.
Mas nosso arremedo de Chanceler, o Megalonanico, não perde a chance de cutucar os EUA e em entrevista ao jornal espanhol El Pais, reiterou que os militares dos EUA só devem permanecer no Haiti durante o período de emergência, depois só deve ficar o pessoal da ONU, ou seja, seguindo o pensamento dos "hermanos" do Foro de São Paulo, odiamos o capitalismo e seu símbolo, os EUA, mas não abrimos mão de seus recursos quando necessitamos.
Resumindo. O Haiti sofreu uma catástrofe. Os norte-americanos aproveitaram a ocasião para confirmar dados dos seus serviços de Inteligência a respeito de organizações narcoterroristas que poderiam estar agindo naquele país e para lá deslocaram, além do material tecnológico, pessoal suficiente para efetuar as buscas necessárias. Com a sua característica discrição de porco em roça alheia. O pavor atingiu a cambada do Foro de São Paulo, que teme outro episódio igual ao dos computadores de Raul Reyes, quando algumas de suas patifarias vieram a público. Daí a reação irada e a pressa para que os yankees abandonem a área. Estes, aparentemente alcançaram seu objetivo pois já diminuiram o "excesso" de pessoal, deixando somente os que efetivamente realizam a "ajuda humanitária". A nós, pobres mortais, resta esperar para ver se foi encontrado algo "útil" entre os destroços haitianos. Espero que não pois, caso isso aconteça, a Inteligência Militar Brasileira ficará em uma posição que beira o ridículo.