A VIÚVA DO CHE
Carreira Militar

A VIÚVA DO CHE


A esquerda radical tem obsessiva disposição por desgastar as Forças Armadas (FA) perante a Nação, pela derrota que lhe impuseram nos anos 70. Não é senso de justiça, mas revanchismo e tentativa de neutralizar um forte obstáculo ao seu eterno sonho de tomada do poder. Governo e Nação reagiram à luta armada e, após derrotá-la, deram início à abertura democrática, objetivo declarado pelos presidentes militares desde o contragolpe de 1964.
Essa esquerda se frustra ao ver as FA como exemplos de credibilidade em pesquisas como a da FGV, de fevereiro, onde elas aparecem à frente, inclusive, do presidente da República. As FA participaram com o povo da construção da nacionalidade brasileira, integrando-se à Nação numa história repleta de feitos e heróis esquecidos pela liderança política despreparada, que despreza D. Pedro II, Caxias e Rio Branco, estadistas artífices da coesão nacional, e enaltece mentores de lutas fratricidas como Marighella, Lamarca e Guevara.
Os ícones da viúva do Che – a esquerda radical – pensavam e agiam assim.
Marighella: a única maneira de resolver os problemas do povo é a conquista do poder pela violência das massas.
Lamarca: deturpamos tudo para mostrar que a nossa linha é correta.
Guevara: adoro o ódio eficaz que faz do homem uma violenta, seletiva e fria máquina de matar.
Vários dos seus seguidores em posições importantes, que posam de defensores dos direitos humanos, pertenceram a grupos armados responsáveis por diversas execuções como as narradas a seguir, das quais muitos participaram.
“No Araguaia, esquartejaram um rapaz de 17 anos que fora guia da força legal. Na frente da família, cortaram as orelhas do rapaz, que urrava de dor. A mãe desmaiou. Eles continuaram. Cortaram os dedos, as mãos e, no final, lhe deram uma facada fatal”.
“No assassinato do capitão Chandler, do Exército dos EUA, os terroristas bloquearam seu carro com um Volks. Um dos terroristas saltou e disparou contra Chandler seis tiros de um Taurus 38. Outro assassino, com uma metralhadora, desferiu uma rajada de catorze tiros. A esposa e os filhos de Chandler assistiram a tudo”.
“No assassinato do tenente Mendes Júnior, prisioneiro de Lamarca, um terrorista se aproximou da vítima pelas costas, de surpresa, deu-lhe uma coronhada, depois outra e mais umas quatro até que o tenente morreu”.
Há uma campanha facciosa pela revisão da Lei de Anistia, orquestrada no ministério da Justiça e em sua secretaria de Direitos Humanos, para julgar apenas os que lutaram em defesa do Estado, da lei e da ordem. A busca dos corpos de mortos no episódio do Araguaia não tem um justificável e nobre propósito humanitário, mas sim o objetivo velado de motivar a sociedade para apoiar a revisão da Lei. Será retrocesso e inconseqüência, mas se houver que seja de acordo com o próprio espírito da Lei: ampla, geral e irrestrita.
A AGU posicionou-se a favor da abrangência irrestrita da anistia e o presidente da República considerou esgotado o assunto no Executivo. Como fica a autoridade do chefe da Nação?
Hoje, o Brasil é denunciado constantemente, pela ONU, pelo desrespeito aos direitos humanos por agentes do Estado. Em duas décadas de liberdades democráticas, houve mais vítimas da omissão ou da violência do Estado, legítima ou não, e de criminosos do que no regime militar. Entre elas, estão cidadãos honestos e suas famílias, massacrados por quadrilhas de bandidos ante a inépcia do Estado. Estão as vítimas em episódios como os do Carandiru, de Eldorado de Carajás e das zonas urbanas periféricas. Estão seres humanos em presídios onde são tratados como escória. Diferente de muitos que se envolveram na luta armada, essas vítimas não são das classes favorecidas, não têm “sobrenome”, não defendem a ideologia marxista e, assim, não contam com a solidariedade da esquerda radical – hipócrita – encastelada nos Poderes da República, nem são indenizadas pelas violações sofridas. Por outro lado, a fonte dos recursos do crime organizado – os senhores de colarinho branco – permanece incólume, pois se abriga em altos escalões. Esta sim é uma ameaça que teria de ser alvo do ministério da Justiça e dos falsos guardiões dos direitos humanos.
O ministério da Defesa prezará os valores da cultura militar se pretender, efetivamente, liderar as FA. Além de hierarquia, disciplina e outros, elas cultuam senso de justiça e lealdade. Chefes, em qualquer escalão, cumprem com a obrigação moral e funcional de defender os subordinados de injustiças, mesmo diante de riscos.
Se o Brasil mergulhasse numa guerra interna nos anos 70, quantos empresários, autoridades, políticos e militares, hoje em posições proeminentes, estariam exercendo seus cargos? Se caísse no regime totalitário, objetivo da esquerda radical, quantos estariam vivos? E os próceres da esquerda anistiados pelo regime militar, que ocupam cargos relevantes, escapariam aos expurgos e justiçamentos típicos do regime comunista? Se tudo isso não ocorreu, muito se deve aos que defenderam a continuação do processo de democratização contra os que tentavam implantar a ditadura do partido único. Se alguns infringiram a lei foram anistiados assim como os assassinos, sequestradores e terroristas, que aceitaram a anistia irrestrita enquanto não estavam no poder. Portanto, revisão, agora, é revanchismo.
É inconcebível abandonar irmãos de armas ante a injustiça que correm o risco de sofrer, pois caberia a quem estivesse no lugar deles a missão que cumpriram nos anos 70. Por outro lado, é hipocrisia a condenação de governos nos quais tenham ocorrido excessos na reação à luta armada, por sucessivos governos que remuneram, apóiam e confraternizam com o MST, cujas ações resultam, impunemente, em ameaças, invasões, destruições e mortes; que idolatram regimes totalitários e lideranças ditatoriais criminosas como as de Cuba e do Irã; que concedem asilo político a terroristas estrangeiros condenados ao mesmo tempo em que entregam a Cuba fugitivos daquela ditadura; e, ainda, pagam indenizações milionárias a assassinos, sequestradores e terroristas anistiados, e suas famílias, mas não às vítimas de seus crimes.
General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
Professor Emérito (atual) e
ex-Comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Fonte: Ternuma,
citado em Navegação Programada



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