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Digam o que quiserem  sobre os comunistas brasileiros, uma coisa não podemos negar. Eles usam  muito bem uma característica brasileira que é a imaginação, ou  criatividade, aliada à adaptação às circunstâncias, no popular, eles tem  muita habilidade com o que chamamos "jeitinho brasileiro".
Exemplo  disso é o uso da velha e surrada "luta de classes" sistematizada por  Marx e aperfeiçoada por Lênin, Stalin, Gramsci e outros 'pensadores",  com o objetivo de dividir a sociedade em duas categorias: exploradores e  explorados. Isso deveria levar a um eterno conflito entre capitalistas (proprietários  de qualquer coisa que gere algo que possa ser transformado em mais  dinheiro, ou lucro, denominado pelos 'revolucionários' de "mais valia") e a força de trabalho (os trabalhadores de todo tipo, mão de obra necessária à operação dos 'bens de produção', terras, máquinas, etc)  utilizados na produção da "mais valia", também chamados 'proletários'  (a prole grande não é coisa de hoje, é bem anterior às bolsas-votos). 
Desse conflito, adviria a tomada dos bens de produção pelos trabalhadores, eliminando-se os capitalistas (até  mesmo, e principalmente, na forma literal), assim, a "nomenklatura"  (direção partidária) se veria na obrigação de administrar a nova  sociedade (afinal, alguém tem que por ordem na zona), determinando as  regras a serem seguidas pelos "novos homens", libertos da escravidão  capitalista, mas presos aos desígnios do Leviatã, do Grande-Irmão, do  "Novo Príncipe" ou seja lá qual a denominação a ser dada à nova "zelite"  governamental.
Os engenhosos pensadores da revolução social tupiniquim (atrasada  no tempo, pois  o "muro de Berlim", símbolo do autoritarismo comunista  já se foi há mais de vinte anos e já não mais existe a velha mãe-Rússia -  URSS) limitaram temporariamente os atores da revolução que pretendem implantar "neçepaíz". Por   um lado, abstraíram a "grande burguesia" (banqueiros, grandes  empresários, multinacionais, etc), cooptada por meio da permissividade  quanto às suas ações predatórias (juros extorsivos, formação de cartéis,  remessas de recursos para paraísos fiscais, etc) em troca de "negócios"  (contribuições legais ou não para campanhas eleitorais, lucros "não  contabilizados" em obras estatais "não licitadas" ou com licitações  "obscuras", emprego de apaniguados, e quem sabe, bons pagamentos por  algumas 'palestras'). Esses aliados  também podem ter acesso facilitado a alguns cargos públicos ou, pelo  menos, que possibilitem atuar em prol de seus interesses comerciais..
Ao mesmo tempo, em uma atitude que deve ter feito Karl Marx virar cambalhotas em seu túmulo, acharam uma utilidade para o "lúmpen-proletariado" por quem o judeu-alemão nutria ojeriza.  Espertamente (?), perceberam que cada membro dessa categoria social tem  o mesmo direito a voto que os demais membros da sociedade burguesa. Foi  só uma questão de motivação fazer com que esse voto fosse dirigido para  quem lembrou-se de dar cidadania a esses seres. Nada que uma  bolsa-esmola qualquer não resolvesse.
Assim, a luta de classes fica mais fácil, resumida à denominada "classe média" e os "pequenos burgueses" (assalariados x empresários de pequeno e médio porte).  
Com  a "classe média", inchada pelo ingresso do proletariado beneficiário da "inclusão social", proporcionada  pelas benesses governamentais e com seus recursos econômicos  nivelados por baixo pelo achatamento salarial; e a pequena burguesia  destruída pela pressão representada pela enorme carga de impostos, a  concorrência predatória do grande empresariado, o pagamento cada vez  maior de "direitos sociais" e uma burocracia mastodôntica, a maior parte da sociedade brasileira aproxima-se do modelo sonhado de "igualdade social".
O  passo final será o "enquadramento da grande burguesia" que se acha  segura junto à "nomenklatura". As opções se resumirão a aderir  totalmente ao novo regime ou o velho e eficiente "paredón".
Esse,  me parece ser o roteiro da caminhada do Brasil rumo ao futuro  "socialismo tupiniquim".  A sociedade já parece preparada para aceitar  esse desígnio. 
O modelo democrático da divisão de poderes apregoado por Montesquieu já ruiu. O poder legislativo está totalmente comprometido com o rumo acima descrito. Lideranças políticas que se oponham a isso, não existem. O poder judiciário, a princípio moroso e ineficaz, encontra-se minado em sua base pelos novos integrantes formados em bancos escolares onde se propaga a "nova justiça", ou "justiça das ruas" há décadas; sua cúpula dominada pelos nomeados pelo critério de escolha feita somente entre os que se alinham ao projeto revolucionário (por ideologia ou por interesse) também já não é confiável.
O modelo democrático da divisão de poderes apregoado por Montesquieu já ruiu. O poder legislativo está totalmente comprometido com o rumo acima descrito. Lideranças políticas que se oponham a isso, não existem. O poder judiciário, a princípio moroso e ineficaz, encontra-se minado em sua base pelos novos integrantes formados em bancos escolares onde se propaga a "nova justiça", ou "justiça das ruas" há décadas; sua cúpula dominada pelos nomeados pelo critério de escolha feita somente entre os que se alinham ao projeto revolucionário (por ideologia ou por interesse) também já não é confiável.
A única resistência a esse cataclisma poderia ser representada pela Forças Armadas, hoje desarmadas mas ainda amadas.  Destas, o Exército, por seu efetivo maior, tem sido o principal alvo de  um programa sistemático de desestruturação em função de possuir a maior  capacidade de reação. Equipamentos obsoletos, vencimentos  desestimulantes, instalações precárias, falta de verbas para exercitar  suas atividades fundamentais, interferências ideológicas nos currículos  de formação, promessas de melhorias que nunca são cumpridas, são algumas  das formas encontradas para minar esse segmento social. 
Agora mesmo,  na última sexta-feira (6/5), nova portaria do Comandante do Exército  regulamentou, mais uma vez, o Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de  Oficiais (CHQAO), que dará acesso dos praças ao oficialato.
O documento prevê o funcionamento do curso já em 2012, e constará de três fases. A  primeira, à distância, terá duração de 300 (trezentas) horas/aula. No  segundo ano, será realizada a fase presencial, com 500 (quinhentas)  horas/aula. E, por fim, uma fase de práticas profissionais, com  400 (quatrocentas) horas/aula.
Os  sargentos de carreira formados a partir de 1993 já estarão sujeitos à  nova sistemática, que prevê a realização de concurso de admissão ao  curso.
Um  curso que terá 1.200 horas/aula é uma boa forma de seleção para o  oficialato mas - sempre tem um mas - o legislador "esqueceu" de definir o  direito financeiro que tal curso vai gerar.
Sendo um curso obrigatório para o prosseguimento da carreira, e tendo como pré-requisito o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento (obrigatório para que se alcance a graduação de 1º Sgt) que paga 20% de Adicional Militar, o CHQAO (vulgo "Xicão") deveria pagar um percentual maior. Ou não?
Sendo um curso obrigatório para o prosseguimento da carreira, e tendo como pré-requisito o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento (obrigatório para que se alcance a graduação de 1º Sgt) que paga 20% de Adicional Militar, o CHQAO (vulgo "Xicão") deveria pagar um percentual maior. Ou não?
Por outro lado, avançam os estudos para promover os 3º sargentos do Quadro Especial (QE) a graduações superiores. Quem  são estes? São militares que incorporaram como soldados, foram  promovidos à graduação de Cabo e, por possuírem alguma habilitação de  difícil formação (mecânica, informática, motorista de carros de combate,  armeiros, etc) adquiriram estabilidade e, depois de quinze anos de  serviço, foram promovidos à graduação de 3º Sargento. Há projetos  tramitando no Congresso Nacional propondo que esses militares tenham  acesso até a mais três promoções: a 2º e 1º Sargento e Subtenente.
Em resumo, temos que, enquanto  o Sargento de Carreira deve, no mínimo, fazer um concurso, seguido por  um Curso de Formação (atualmente de dois anos) e um Curso de  Aperfeiçoamento para alcançar a graduação de Subtenente - destaquei  que esses são no mínimo os cursos necessários, mas é sabido que se o  Sargento não cursar algum Curso de Especialização ou de Extensão terá  sua carreira emperrada deixando de ser promovido por merecimento -, há  projeto das autoridades legislativas querendo que os Sargentos do  Quadro Especial tenham o acesso à graduação máxima dos praças por "decurso de  prazo".
Em outras palavras. Ao  mesmo tempo em que se cria mais um obstáculo para que os Sargentos de  Carreira alcancem o oficialato (o citado "Xicão"), busca-se meios legais  para que os Sargentos do QE tenham os mesmos direitos que aqueles, sem  passar pelas provas de seleção e habilitação pelas quais eles passaram.
Não  e que eu esteja contra a que se melhore as condições de trabalho dos  Sargentos do QE, mas não é possível aceitar esse tipo de equalização.   Desde a criação do Quadro Especial, tem sido sugerido que os Cabos com  mais de quinze anos de serviço sejam matriculados em Cursos de Formação  de Sargentos a fim de efetivamente ingressarem na carreira de Sargentos  pela porta da frente. Nunca se viu qualquer iniciativa oficial a esse  respeito.
Concluindo, se  projetarmos nas Forças Armadas, e particularmente no Exército, o quadro  inicialmente descrito de como subjugar a sociedade, vemos que ao  mesmo tempo em que se alça o proletariado, digo, os militares de nível auxiliar à carreira de  Sargento, sem exigir sua qualificação legal ("inclusão social"),  desestimula-se os que estão na faixa superior dessa mesma categoria (1º  Sargentos e Subtenentes), criando mais um tropeço em sua trajetória  profissional (destruição da "pequena burguesia"). Dessa forma, transforma-se a  maior parte do efetivo em uma grande "classe média" subjugada pelo  "achatamento salarial" que atinge a todos, retirando-lhes qualquer  disposição de reação.   Coevo a isso, alguns falsos líderes e  "movimentos de democratização" são lançados para quebrar o binômio  disciplina-hierarquia, e é promovida e a cooptação da "grande burguesia"  com promessas de melhorias que nunca serão cumpridas e a oferta de  alguns cargos de relevância em empresas estatais. Olhando dessa maneira, verifica-se que a "luta de classes" já chegou ao Exército Brasileiro. Espero estar errado!
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