A Inevitabilidade do Ato
Carreira Militar

A Inevitabilidade do Ato


por Jarbas Passarinho
Em 1949, o mundo dividiu-se em dois hemisférios antagônicos: o do comunismo, expansionista, e o democrático. Iniciava-se a Guerra Fria. O comunismo expandiu-se e os Estados Unidos modificaram o conceito de fronteiras geográficas em ideológicas, o que o fez lutar na Coréia e no Vietnã. Mao Tse Tung na China, Ho Chi Min no Vietnã, as lutas pela descolonização dos países africanos, notadamente a Argélia, aumentaram o contingente comunista. Fidel Castro, em 1959, depõe um governo corrupto e adere ao comunismo em 1961. Torna-se ponta de lança da União Soviética na América do Sul. No Brasil, o presidente João Goulart recebeu, como aliado, o Partido Comunista clandestino, uma das causas de sua deposição. A aliança é confessada no livro Prestes, lutas e autocríticas, pag.167/60.
A partir de 1965, a esquerda arrasada em março de 1964 começou a reorganizar-se. Ainda no governo do presidente Castello Branco, o general Costa e Silva, que o sucederia, viajou para o Nordeste. Esperado em Recife, em julho de 1966, trocou o avião por automóvel, em Aracaju. No aeroporto de Guararapes, Recife, no momento em que deveria chegar, como previsto, uma bomba relógio explodiu. Matou cinco pessoas, feriu mais de uma dezena e mutilou militares. Foi a primeira ação terrorista da luta armada. Empossado, Costa e Silva tentou conciliar, mas a Dissidência Comunista da Guanabara, rompida com Prestes, realizou as passeatas no Rio de Janeiro, contra o governo, ao mesmo tempo que guerrilhas urbanas comunistas iniciavam a luta armada. A esquerda Armada no Brasil, 1967/1971, premiado em Cuba, confirma. Apesar da agitação estudantil, das guerrilhas e do terrorismo, as liberdades políticas e civis, o Congresso, a imprensa livre e eleições democráticas continuaram respeitadas.
O jornalista Márcio Moreira Alves em seu livro O despertar da Revolução Brasileira (páginas 31/32) revela que o papel da esquerda era a "destruição completa das instituições liberais sobreviventes, porque enquanto existissem impediam que o proletariado pudesse optar por uma resistência clandestina e armada". Entre essas instituições figurava o Congresso. O deputado Márcio e um pequeno grupo dedicavam-se a fazer provocações, a que chamavam de "terrorismo cultural". Perto do dia 7 de setembro de 1968, fez um discurso que qualifica como "iconoclasta", nos cinco minutos destinados ao "pinga fogo", a que o plenário não dá atenção. Ridículo, mais que "iconoclasta", sugeria às mulheres que não namorassem militares, mas concluía com uma ofensa intolerável para o Exército, chamado de "valhacouto de bandidos". Imediatamente as notas taquigráficas foram distribuídas por todos os quartéis, causando profunda indignação. Depois da anistia, o discurso é publicado sem a ofensa desonrosa, que justificou a representação ao Supremo Tribunal Federal, que o encaminhou à Câmara dos Deputados com o fim de processar o insultante contra o deputado.
O governo já resistira à tática confessada pelo deputado: "destruir as instituições liberais", apesar do terrorismo no aeroporto de Recife, ao desafio armado das guerrilhas já desencadeadas e agora via seu partido, seu braço parlamentar, amplamente majoritário na Câmara, faltar-lhe ao apoio que lhe era devido, ao negar a licença para o processo. Estava desafiado, pois, também politicamente pelos que se elegeram sob a sua bandeira. Foi a gota d'água. O presidente Costa e Silva, a contragosto, cedeu à declaração enfática dos seus ministros militares de que, a serem mantidas as liberdades fundamentais, não poderiam garantir a ordem interna gravemente atacada pelo terrorismo e as guerrilhas comunistas. Carlos Prestes, anos depois, em resposta à crítica contra o governo comunista chinês, que massacrou estudantes e ativistas na Praça Celestial, disse: "Governo que não se defende não merece ser governo". Costa e Silva, nitidamente constrangido, editou, com o referendo de todos os seus ministros e dos chefes de Estado Maior das Forças Armadas, o AI-5, para "merecer ser governo".
Fonte: Jornal do Brasil - 13 Dez 08
COMENTO: Não estou entendendo o alvoroço, particularmente por parte da esquerdalha, a respeito do AI-5. Afinal, o ato fez com que "eçepaíz", por algum tempo, ficasse quase igual ao tão idolatrado "paraíso cubano" (infelizmente "el paredón" não foi instituído por aqui, como deveria), com a pequena diferença de que, aqui houve desenvolvimento econômico, enquanto que o feudo dos irmãos Castro está estagnado desde a "morte" da mãe URSS.



loading...

- O Que Os Professores De História Não Contam Sobre A Contrarrevolução De 1964
por Carlos I.S. AzambujaUma série de fatos que servem para relembrar a verdade sobre o terrorismo no Brasil.VOCÊ SABIA?- Que no governo João Goulart algumas organizações de esquerda condenavam a luta pela reforma agrária, porque seu triunfo daria...

- Julgadores Facciosos Dos Direitos Humanos
Jarbas Passarinho escritorGuardo a lição de Franklin Delano Roosevelt quando expressou serem as liberdades fundamentais sintetizadas em não ter fome, não ter medo, livre culto religioso e o respeito à privacidade das pessoas. A liberdade de não...

- Transição Inacabada
por Jarbas PassarinhoO presidente Geisel, ao tomar posse em março de 1974, encontrou vencidas as guerrilhas urbanas, iniciadas em 1967. Preparou um plano de transição constante da Emenda Constitucional nº 11, de 13 de outubro de 1978. Revogava o AI-5....

- A Esquerda Mitônoma
Não sou navegador na internet, mas chego ao e-mail. De uma amiga recebi um, instando-me a abrir o blog do conceituado escritor Reinaldo Azevedo. Lá estava eu, transcrita mínima entrevista à Folha de S.Paulo, que provocou críticas e aplausos. Os poucos...

- Tortura E Terrorismo
por Jarbas Passarinho“Com razão tem sido sustentado que a prática de tortura não é limitada a algum específico sistema político ou regime, a determinada cultura ou religião, ou situação geográfica, desde as eras primitivas da história...



Carreira Militar








.