Na realidade, o que ocorreu de fato foi que um corrupto já comprovado, fez um parecer favorável a um Projeto de cunho ideológico que nada mais era do que revanchista e discriminatório, e que retirava do povo brasileiro a sua capacidade de interpretação dos erros políticos nacionais!
Um outro engodo é dizer que estas disciplinas foram criadas pelos militares. Na verdade, todas elas já existiam anteriormente ao período que os militares chamam de Intervenção Militar e que os seus opositores chamam de Golpe Militar. O que os militares fizeram de fato, foi simplesmente nacionalizar o ensino destas disciplinas, oportunizando que cada cidadão tivesse amplo conhecimento de seus direitos e deveres sociais, inspirando civismo e nacionalismo aos jovens do Brasil nos currículos escolares.
Houve um substitutivo neste Projeto de Lei, de autoria do então Deputado Federal do Partido dos Trabalhadores (PT), Raul Pont, do Rio Grande do Sul.
Na documentação do Projeto de Lei consta o seguinte relato: "O referido Projeto recebeu Substitutivo do Relator, nobre Deputado Raul Pont, na Comissão de Educação, Cultura e Desporto, o qual foi aprovado. Em seu Substitutivo, o relator propôs a revogação do Decreto 869/69, conseqüentemente, também da disciplina de Educação Moral e Cívica, determinando a redistribuição de sua carga horária para as disciplinas das áreas de ciências humanas e sociais." Deste modo, o responsável direto pelo fim da disciplina de EMC é o Deputado Raul Pont do PT-RS, o que liga o fato a uma proposta ideológica com interesse de retirar a discussão política das escolas e universidades.
Percebe-se contradições no discurso de Raul Pont em alguns momentos de seus textos sobre o tema. "Comissão de Educação, Cultura e Desporto - Acredito que apenas extinguir a Comissão Nacional de Moral e Civismo é pouco para apagar mais um aspecto do autoritarismo com que o Regime Militar de 64 marcou este país. Neste sentido apresento em anexo um substitutivo ao projeto de lei 7445/86. - Sala da Comissão, 21 de Maio de 1991 - Raul Pont." Me expliquem, por favor, como algo que trata de "Moral" e "Direitos Civis" pode ser de fato autoritário? Autoritária, tendenciosa, ideológica e arbitrária foi a ação deste grupo que extinguiu estas disciplinas sem consulta popular, isto sim!
Nada há contra o Sr. Raul Pont quanto a Corrupção, no entanto, fica clara aqui a sua participação direta e intencional neste Processo! A contradição dos seus argumentos está por escrito na mesma folha do Processo inclusive: "Justificação ... Apesar de termos conhecimento de que um grande número de instituições de ensino e de professores das três disciplinas, procuraram dar a elas um conteúdo crítico e dinâmico, para que os alunos pudessem realmente discutir os problemas do país, não é possível que ainda hoje mantenhamos de pé um decreto de conteúdo autoritário e acrítico na formação de cidadania e no conhecimento da realidade social do país." Ou seja, significa que era de conhecimento da Comissão que as disciplinas poderiam ser adaptadas as necessidades democráticas, mas que foi opção ideológica dos Parlamentares da Comissão, por vingança assumida contra os militares, retirar as disciplinas do currículo escolar, sob a alegação de que elas eram autoritárias. Ora, pessoas são autoritárias, condutas são autoritárias, disciplinas não são autoritárias, podem ser alteradas ou extintas a qualquer tempo, por sinal, como estas foram. Se a disciplina fosse de fato autoritária, quando fosse extinta se levantaria e diria: "Não, eu não permito que me alguém venha me extinguir!" Ela fez isto? Não né? Pois é! O que tornou acrítico, (A) de negação, ou seja, não crítico o processo, foi a extinção das matérias que criticavam o sistema como era e que ensinavam o cidadão seus direitos e deveres, por menores que estes fossem! Foi com a extinção destas matérias que se perdeu a cidadania e conhecimento das realidades sociais no país! Em última instância, devemos ao Sr. Raul Pont a atual situação nacional de desconhecimento de nossos cenários políticos e de como interpretar corretamente o que é e o que não é ético ou moral em nossa sociedade. Graças a sua contradição semântica, revanchista e ideológica, temos o atual cenário nacional de incompreensão social!
Para terminar, quem era o Presidente da Câmara Federal naquela ocasião? O Deputado Inocêncio Oliveira, atualmente no Partido da República (PR). Curiosamente, era da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) no período militar (partido do governo, partido que apoiava o regime militar), pertencia ao Partido da Frente Liberal (PFL) quando era Presidente e aprovou este Projeto de Lei. Recentemente o Deputado foi condenado por crime de condição análoga a escravidão em segunda instância, sujeito à Lei da Ficha Limpa!
Inocêncio Oliveira é condenado em segunda instancia
Houve uma clara intenção, um claro planejamento de extinguir a habilidade cidadã de compreensão politica e social e pior, isto partiu do que seria considerado uma esquerda nacional! A desqualificação social e moral a negação das ideologias, filosofias e conhecimentos diversos de direitos e deveres foi obra de grupos que deveriam, pela lógica, estimular tais noções para avanço de garantias fundamentais. A quem interessa tais posturas? Por qual motivo? Isto parece algo que favorece uma democracia? Como podem ser contra o autoritarismo e ao mesmo tempo extinguir disciplinas que nos fazem pensar sobre nossos direitos e deveres sociais?
Pense nisto antes de escolher seu representante nestas e nas próximas eleições, busque candidatos e partidos comprometidos com o retorno de disciplinas que formem a liberdade de pensamento cidadão, sem ideologização, discussão ampla e democrática, conhecimento de nossos direitos e deveres, desde o primário até a faculdade, pois precisamos reaprender a sermos cidadãos no Brasil, e isto, mais que um dever, é um direito de cada um de nós! Votem conscientes e não esqueçam de alternar constantemente o poder, pelo bem da democracia!
No momento que soubermos identificar nossos direitos e deveres, todo corrupto nos temerá, pois exerceremos nosso controle social amplo, saberemos o que pedir, para quem pedir e como pedir, mais que pedir, exigiremos, pois é nosso direito. Do mesmo modo, promoveremos exemplos com nossa conduta, bons exemplos, exemplos com base no mérito de valor, dai o motivo que muitos políticos condenam o mérito, a meritocracia, pois esta postura qualificaria nossa cidadania! Entendam o por que de cada ação política e aprenderão a se respeitarem cada vez mais e melhor! Façam a sua parte, façam os corruptos tremerem, lutem por seus direitos, lutem pelo ensino de qualidade, lutem pelo retorno das disciplinas de cidadania nas escolas e faculdades!