Carreira Militar
A disputa pelo poder e os temas relevantes
por Marcelo Rech
Neste domingo, a obrigatoriedade fará com que milhões de brasileiros compareçam às urnas. As eleições para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual, não significam necessariamente renovação. Nem de nomes e menos ainda de posturas.
As alianças mais esdrúxulas foram firmadas por uma única razão: o poder pelo poder.
Foi um processo eleitoral marcado pela bagunça onde o Supremo Tribunal Federal (STF) acovardou-se e decidiu não decidir sobre uma iniciativa popular, a ficha limpa. O Brasil corre o risco de ver estados sem governo e bancadas sem integrantes. Apegado ao tecnicismo burocrático, o STF ignorou a mensagem passada pela população que não quer mais bandidagem na política.
Pior que isso, foi a indiferença com que os candidatos trataram temas relevantes e estratégicos como Política Exterior, Inteligência e Defesa.
Dado divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostra que nos próximos dez anos, as Forças Armadas terão cerca de US$ 27 bilhões para investimentos. Ainda assim, o tema passou batido.
Com o pré-sal e as descobertas de reservas de gás na Bacia de Santos, o Brasil poderá se tornar uma potência de fato. Esse tesouro precisa ser vigiado e protegido, mas ninguém teve coragem para dizê-lo. Defesa não dá votos.
Os políticos se aproveitam das Forças Armadas em muitos momentos, mas na época das eleições, as escondem como se leprosas fossem. Têm vergonha de dizer à gente comum, que Defesa lhes diz respeito também. Colocam a Defesa como o saneamento: enterrados, longe da mídia e das propagandas.
O Brasil não está imune ao Terrorismo e os chamados crimes conexos. Nossas fronteiras são vulneráveis. Por ali, entram drogas, armas e criminosos. As Forças Armadas têm o papel de defender a nossa soberania, mas no discurso dos políticos, são relegadas.
O Brasil é ameaçado constantemente por agentes externos e ninguém se aventurou em falar sobre isso e em como defender o nosso patrimônio intelectual.
Falar em Inteligência num programa eleitoral, nem pensar. A Inteligência é vista com preconceito e ignorância. É preciso investir na Inteligência, ter uma Abin forte à serviço do Estado e contra as ameaças externas.
A política exterior, por sua vez, foi silenciosamente omitida. Um país que deseja um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, não tem coragem de debater o seu lugar no mundo.
Aqui e acolá, tivemos alguns lapsos sobre o que cada um poderia eventualmente fazer neste ou naquele campo, mas nada substantivo.
As relações do Brasil com os seus vizinhos, fundamental para o desenvolvimento regional, não mereceu sequer um comentário.
A posição do Brasil nas Nações Unidas, suas relações com a União Européia, os Estados Unidos, as questões comerciais com os subsídios ao etanol, nada foi suficientemente importante para que nossos candidatos empunhassem tais bandeiras.
Nenhuma palavra sobre o Haiti onde os militares brasileiros atuam desde 2004, apesar dos mais de US$ 350 milhões destinados à sua reconstrução.
O BNDES se converteu num dos principais financiadores da infra-estrutura regional e nem assim ouviu-se algo.
Tivemos um processo eleitoral focado no discurso fácil, no emocionalismo, nas pegadinhas e na troca de acusações sobre quem foi mais corrupto. Nada que acrescentasse.
Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel
Fonte: Info Rel
COMENTO: além dos falsos debates e das cagadas do poder judiciário, que conseguiu instalar a insegurança eleitoral ao não definir sobre a proibição de patifes e imorais concorrerem a cargos eletivos ao mesmo tempo em que decretou a inutilidade do tal 'título eleitoral'; ocorreram as eleições e conferindo seus resultados, verifico o número de canalhas que retornam aos diversos cargos para os quais nem deveriam ter sido aceitos como candidatos. O problema não são as leis nem o judiciário. Nosso problema é o povinho que habita estas plagas. Isso me faz repetir uma citação do genial Geraldo Almendra: Agora o mundo inteiro sabe que o povo brasileiro não é apenas um povo ignorante, sem cultura, sem estudos, mas sim, um povo sem princípios morais, sem dignidade e sem amor próprio.
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