A Brasília que Poucos Conhecem.
Carreira Militar

A Brasília que Poucos Conhecem.


por Mino Pedrosa

QL 12 conjunto 4 casa 2 - Península dos Ministros - Lago Sul - Brasília /DF
Nos últimos anos, Brasília vive momentos de total degradação política. Arapongagem, com grampos, chantagens, extorsão e por aí vai... Isto porque a corrida para o Governo do DF começa com métodos nada ortodoxos. O camarada Agnelo Queiroz, governador do DF desde janeiro de 2011, ex-PCdoB e agora Petista, pelas mãos de Lula, herdou o serviço de alguns pontos chamados por seus companheiros, de ”aparelhos”, onde empresas contratadas passam o tempo todo bisbilhotando a vida alheia. 
Foi descoberta, no coração de Brasília, uma mansão alugada pelo grupo de Agnelo e Filipelli, onde funciona o “aparelho”, conhecido na ditadura como esconderijo dos chamados pelos militares de “subversivos.”
É na QL 12, conjunto 4, casa 2, na Península dos Ministros, no Lago Sul, bairro onde residem praticamente todas as autoridades que comandam o país, que está instalada clandestinamente a TRUESAFETY, empresa de monitoramento de informação e contra informação, comandada pelo ex-delegado da Polícia Civil, Celso Ferro, e o militar da ABIN – Agência Brasileira de Informações Acir Pitanga Seixas.
Os serviços oferecidos pela TRUESAFETY em seu site oficial.
O bairro da Capital Federal abriga as residências oficiais do Senado e da Câmara, dos Tribunais e ministros de Estado. Por ali, também moram empresários que convivem com o Poder. O resultado é um bairro realmente nobre, no qual não se identifica exatamente quem é Governo e quem não é, o que supostamente garantia o anonimato e a segurança das autoridades.
Vista do Google de parte do terreno da mansão da TRUESAFETY 
A casa da QL 12 é confortável e dotada de infra-estrutura para assistir a vídeos e material colhido pela TRUESAFETY. Tem vários cômodos, todos rigorosamente monitorados, inclusive com salas de análise de informações. Por lá, já passaram visitantes ilustres como, Agnelo, Filipelli, ex- governador José Roberto Arruda, autoridades federais, senadores, deputados e empresários. Todos estão gravados no acervo da TRUESAFETY. Baseado neste material, a Polícia Federal tem um forte dossiê com todas as personalidades que estiveram na “casa”. André Clemente, ex-secretário de Fazenda do Governo de Rogério Rosso, faz parte deste acervo, com conversas nada ortodoxas.
Na crise do Mensalão do DEM, onde o então governador José Roberto Arruda era investigado pelo Ministério Público e Polícia Federal, a TRUESAFETY atuou, contratada por Arruda, no trabalho de contra informação. O alvo era a procuradora que comandava as investigações Raquel Dodge. Ali o trabalho foi preciso. A procuradora, antes de estourar o escândalo do Mensalão do DEM confidenciou toda a operação a uma amiga que reside no exterior. A amiga, a diplomata Maria Helena Pinheiro Penna é irmã do então secretário de Planejamento e Gestão de Arruda, Ricardo Penna. Raquel teria alertado a irmã de Penna de que o escândalo havia alcançado o amigo de muitos anos. Com essas informações Arruda começou a preparar sua defesa para quando o escândalo estourasse.

A procuradora Raquel Dodge, a amiga diplomata Maria Helena Pinheiro Penna e o ex-secretário de Planejamento e Gestão do Governo Arruda, Ricardo Penna.
Raquel esteve no Rio de Janeiro e foi acompanhada por arapongas passo a passo,  às vésperas da Operação Caixa de Pandora. O hotel, os telefonemas durante a madrugada com amigos do Ministério Público, tudo estava ao alcance da TRUESAFETY. Arruda teve informações privilegiadas e na última hora cancelou sua viagem para o Rio de Janeiro, onde faria o contato com a turma do Metrô. Mas os arapongas não pararam por aí. Houve tentativa de monitorar os ministros do STJ – Superior Tribunal de Justiça. O ministro Fernando Gonçalves e a procuradora Raquel Dodge montaram estratégia para flagrar Arruda no caso do ex-governador tentar corromper os envolvidos na investigação. Mais uma vez, Arruda foi informado e não compareceu ao encontro marcado no STJ.
Com estes dados, a procuradora e o ministro levantaram suspeita de que quem vazava as informações era o então presidente do STJ Cesar Asfor Rocha. Na verdade, Raquel omitiu a relação íntima com a irmã de um dos investigados – Ricardo Penna.
Políticos como ex-presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, também foram vítimas de monitoramento. Arruda precisava se segurar no partido a todo custo. As informações privilegiadas eram e são até hoje, a moeda de troca do ex-governador. E, o escândalo da Pandora continua se arrastando, sem denúncias do MP.
Não é por acaso que este “aparelho” está instalado na Península dos Ministros. A família do presidente do Senado, José Sarney, está no rol dos monitorados pela TRUESAFETY. A residência de Sarney fica a poucos metros do “aparelho” comandado pelo ex-chefe da inteligência da Polícia Civil do DF, Celso Ferro. Em 2010, os arapongas monitoraram a empresa Trier Engenharia, que contribuiu para campanha de Dilma e Agnelo e, segundo o dossiê na PF, tem ligações com o presidente José Sarney.
Arruda ainda escapa dos inquéritos
A TRUESAFETY conta também com a ajuda de alguns jornalistas contratados para fazer “consultorias”. A turma que “assessora” Agnelo, segundo depoimento de um dos integrantes, apelidou o “aparelho” de “Casa da Maldade”.  Equipamentos de escuta telefônica e outros usados na covarde arapongagem ficam sob os cuidados de pessoas, que para saquear o Governo, colecionam invasão de privacidade como moeda de troca para arrancar dos cofres públicos o que desejam. 
Ali, após matéria publicada no jornal O Globo, onde o jornalista e ex-companheiro de Agnelo, José Seabra Neto, denuncia o governador do DF por práticas ilícitas, foi planejada uma das covardes emboscadas a fim de levar o jornalista para cadeia e desqualificar o depoimento considerado pelas autoridades como crime. Em qualquer país onde exista Democracia Agnelo estaria fora do Governo.
O depoimento de uma pessoa que fez parte da reunião que planejou a emboscada de Seabra revela o seguinte: conhecendo os hábitos do jornalista, o grupo decidiu plantar uma menor de 14 anos no porta-malas do carro de Seabra, colocar droga (cocaína) embaixo do banco e organizar uma blitz no trajeto de sua residência. Providenciaram um profissional para fazer cópia da chave do carro do jornalista e monitoraram os passos dele, aguardando o momento de colocar o plano em prática.
Tudo estava preparado e tido como certo, não fosse José Seabra ter se excedido na bebida e quebrado a rotina. Os “companheiros” do jornalista planejaram desqualificar o depoimento dele e desmoralizá-lo dentro da delegacia. Chegaram até cogitar “quebrar” as duas pernas do “amigo”, entregando-o aos presidiários. O excesso na bebida fez bem a Seabra que foi salvo graças a isso: voltou para casa em outro carro, pois não tinha condições de dirigir.
No depoimento, a testemunha que fez parte desta reunião, explica que o imóvel da QL 12 é conhecido como “Casa da Maldade”, porque durante toda a campanha de Agnelo e Filipelli foi de lá que saíram planos contra todos os adversários.
Aliás, os planos continuam saindo do Lago Sul. O “aparelho”, comandado por Celso Ferro, tem no seu portfólio serviços ao ex-governador José Roberto Arruda, ao atual governador Agnelo Queiroz e também a pessoas que fazem oposição ao atual Governo do DF.
A denúncia de Seabra causou um reboliço no quadro político no Distrito Federal. José Seabra Neto, dono do semanário “Jornal da Quadra”, decidiu romper um pacto de silêncio e acusou Agnelo Queiroz (PT) de usar caixa dois para se eleger governador do DF na campanha eleitoral do ano passado. Numa entrevista exclusiva ao Globo, em abril passado, Seabra disse que recebeu R$ 50 mil por semana durante toda a campanha para produzir edição semanal de 100 mil exemplares do “Jornal da Quadra”, com matérias favoráveis a Agnelo e contra o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), principal adversário na disputa. Os pagamentos não constam na prestação de contas de Agnelo à Justiça Eleitoral.
- Sou testemunha ocular. Eu recebi dinheiro para fazer um jornal para apoiar Agnelo Queiroz. Nós tirávamos 100 mil exemplares por semana. O pagamento era feito semanalmente em espécie, R$ 50 mil - disse Seabra ao Globo.
Ao todo, ele teria recebido R$ 800 mil entre junho e novembro de 2010 para produzir 16 edições do jornal e distribuir os 100 mil exemplares principalmente no Plano Piloto. Segundo o empresário, o caixa dois tinha como coordenador o delegado da Polícia Civil Miguel Lucena, diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal - Codeplan. Seabra disse que recebia envelopes com o dinheiro das mãos de Lucena ou de outros emissários do delegado. Na época, Lucena era coordenador de Inteligência e Segurança da campanha de Agnelo.
Agnelo escalou seu advogado Luiz Carlos Alcoforado para rebater as acusações. Coordenador jurídico e responsável pela prestação de contas de Agnelo, Alcoforado negou qualquer irregularidade. Já Miguel Lucena confirmou, na ocasião, que teve vários encontros com Seabra durante a campanha, mas negou que tenha dado dinheiro ao empresário.
José Seabra Neto, escapou por uns goles a mais
Como se vê, os personagens envolvidos na questão são os mesmos que a Revista Eletrônica Quidnovi vem revelando nos dois últimos meses.
Alguns dos equipamentos usados na “Casa da Maldade” pela empresa de Celso Ferro, ao custo de R$ 500,00 o metro quadrado, são de propriedade da Polícia Civil de Brasília. Com intuito de fazer rastreamento de grampos o empresário cresce os tentáculos na arapongagem, sendo também o intermediário na compra de equipamentos sofisticados israelenses.
Enquanto isso, o jornalista José Seabra Neto, tirou do ar seu site combativo, e parece ter feito às pazes com o governador Agnelo. Agora, Seabra tem o patrocínio do GDF num blog que apóia novamente o Governo de Agnelo e Filipelli.
Fonte:  Quidnovi



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